Moya e o regresso de Nadal: «Se vissem vídeos dos primeiros treinos em agosto…»

Por Pedro Gonçalo Pinto - Janeiro 29, 2024

Carlos Moya não esconde que teve dúvidas sobre se Rafael Nadal ia mesmo voltar a competir. O treinador do espanhol relata como foi o regresso aos treinos numa primeira instância e também fala sobre o estado atual do maiorquino, tudo isto em entrevista ao portal Punto de Break.

SUSTO COM NOVA LESÃO

Ele sabia que não era a mesma coisa porque a reação não foi igual ao ano passado. Aí viu-se logo que havia uma limitação muito grande. Neste caso não foi igual. Conseguiu competir. Uma lesão grave impede-te de fazer o que ele fez com o Thompson. Agora, não se sabia se podia ser um problema maior porque uma rotura a este nível são três ou quatro semanas e tivemos sorte por não ser mas. Isto acontece no desporto, mas o golpe mental foi forte porque ele sentia-se preparado e vieram problemas do passado.

NÍVEL NO REGRESSO

Nunca tive medo do nível que o Rafa podia mostrar. A nível físico ou tenístico, conheço-o muito bem e sei o quão competitivo e humilde é para remar quando é preciso. Tem uma inteligência tática muito grande e muitos planos de jogo. Nesse aspeto, não me surpreende o que vi porque já vi tantas coisas do Rafa que já não é surpresa. Mas é certo que podia não ter corrido bem e ter começado com mais dúvidas. Fez-me lembrar um touro que esteve um ano fechado. Quando o soltas parece uma fera. Depois de tantos meses de sofrimento, voltei a vê-lo a desfrutar tanto nos treino como nos encontros em Brisbane. Essa era a versão do Rafa que queríamos ver.

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Sim, porque não? Os dois primeiros encontros ganhou-os bem e depois quase bateu um jogador que na semana seguinte esteve perto de ganhar ao Tsitsipas no Australian Open. Acho que, num encontro, não tenho dúvidas do nível que o Rafa pode dar. O que falta saber é o que acontece se jogar com um tenista de top, ganha e no dia seguinte jogar com outro. Esse ritmo de competição é que ainda não viveu e é isso que falta. Precisa de uns dez encontros para chegar a esse nível a cem por cento.

DURA RECUPERAÇÃO

Se vissem vídeos dos primeiros treinos em agosto… Não eram otimistas nem positivos. Entendes que o processo por que ele tem de passar a três ou quatro meses para ser competitivo. No dia a dia vão acontecendo coisas que te empurram para trás, não avanças à velocidade que querias. Aí entram as dúvidas. Eu tenho dúvidas de que ele podia não voltar a jogar pelo que vi no primeiro ou segundo mês, em que os avanços foram mínimos. Jogávamos 15 ou 20 minutos e às vezes atirava-se para o chão com dor. São situações dura, mas sabíamos pelos médicos que tinha de passar por isso, uma adaptação do corpo, mas estava tudo muito controlado. Houve dias em que duvidámos.

O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt