Ferrero: «Alcaraz está a 60% do seu potencial, tem muito que melhorar»

Por José Morgado - Setembro 12, 2022

Juan Carlos Ferrero, ex-número um do Mundo e treinador de Carlos Alcaraz, o novo líder mundial, também passou pela sala de conferências de imprensa e não poupou elogios a um miúdo que foi pela primeira vez à sua Academia com 13 anos. O espanhol está entusiasmado pelo que ainda aí vem…

FINAL MUITO DURA

“Ninguém quer perder uma final de Grand Slam. Foi difícil controlar as emoções e ele não foi o mesmo no início. Ele estava tenso no 3º set e vencer aquele parcial foi a chave para a partida. Todas as horas que ele passou em court nas rondas anteriores tiveram impacto na final, mas como ele disse… não havia tempo para ficar cansado. Ele deu tudo o que tinha”.

COMO DESCREVE ALCARAZ

“É difícil fazê-lo com palavras. Ele nasceu para vencer este tipo de torneios e encontros. Desde o momento em que comecei a trabalhar com ele, vi coisas diferentes de todos os outros jovens. E ainda vejo isso todos os dias. Não estou surpreendido com o facto de ele ganhar um Slam e ser número. Conheço o nível dele. Tudo aconteceu muito rápido, é verdade. Talvez seja uma surpresa para todos excepto para mim, porque vejo-o treinar todos os dias. Sabia que se não fosse este ano provavelmente aconteceria em 2023″

INÍCIO DA ERA ALCARAZ?

“Não sei, eu espero que sim. No outro dia eu disse a alguém que o Sinner e Carlos poderiam dominar o tour nos próximos 10 anos. Mas também temos Zverev, Medvedev , Thiem, Ruud e Tsitsipas. Talvez o Carlos até tivesse começado a ganhar grandes torneios mais cedo se não fosse a covid-19. Nunca saberemos”.

MUDANÇAS EM ALCARAZ

“Aos 15 anos ele era muito magro, como esparguete. Ele tinha as mãos, o ténis, mas não tinha músculos. Ele trabalhou muito”.

ESTÁ A 60 POR CENTO DO SEU POTENCIAL

“Ele está a 60 por cento do seu potencial. Tem de continuar a trabalhar se quiser continuar no topo. Há muito a melhorar: o serviço, a resposta, a esquerda em algumas situações, a tomada decisões. O trabalho ainda não acabou. Depois de Cincinnati ele perdeu a felicidade e eu disse-lhe que ele tinha de vir para a rede no US Open a cada bola curta. Ele recuperou o sorriso e espero que possamos continuar a crescer juntos”.

O QUE GOSTAVA QUE AS PESSOAS SOUBESSEM SOBRE ALCARAZ

“O Carlitos é exatamente quem parece ser. Ele tem um caráter muito forte. Aprende rápido. É um miúdo muito bom e humilde. A sua família é espetaular e ajuda-o muito. O seu pai acabou de me dizer que temos que acalmá-lo depois disto e meter-lhe os pés no chão”.

Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 13 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: josemorgado@bolamarela.pt