Preparador físico de Federer admite: «É um alívio ele acabar a carreira»

Por Pedro Gonçalo Pinto - Setembro 19, 2022
Foto: EPA

Roger Federer pensou muito e tomou a decisão de terminar a sua carreira. Uma notícia que teve um enorme impacto em todos os que o rodeiam, como Pierre Paganini, preparador físico durante todo o seu percurso. Ora, Paganini não esconde que se sente aliviado por tudo terminar, uma vez que receava que algo terrível pudesse acontecer num regresso à ação.

COMO A DECISÃO FOI TOMADA

Isto não é algo que tenha surgido de forma espontânea. Sabíamos disto há algum tempo. Em julho fez treinos a combinar vários elementos e percebeu que precisava de muitíssimo esforço para chegar a uma intensidade relativamente baixa, insuficiente para poder competir ao mais alto nível. Trabalhei com ele durante 22 anos, sinto-me tremendamente privilegiado por ter conhecido um dos melhores desportistas da história e uma pessoa extraordinária. É um milagre ter aguentado até esta idade e o conseguiu entre 2017 e 2019 é incrível. Roger submeteu o seu corpo a uma tensão extrema e prolongada no tempo, por isso parar agora parece-me uma decisão inteligente.

ALÍVIO POR CHEGAR AO FIM

Roger sente uma grande paixão pelo ténis e, parando agora, acho que garante que continua a desfrutar deste desporto durante o resto da vida. É um alívio ele acabar a carreira porque tinha muito medo que se voltasse a lesionar e isso condicionasse o resto da sua vida. Como desportista de elite há que ser suficientemente inteligente para saber onde estão os limites que não se podem baixar. É uma pessoa muito sensível e emocional, pelo que o momento em que nos disse que ia acabar a carreira foi especial e emotivo.

SEMPRE A SURPREENDER

Desde a minha perspetiva de preparador físico, não deixou de me surpreender uma e outra vez pela sua capacidade de esforço e sacrifício. Foi incrível ver como lidava com cada treino. O mais espetacular da sua carreira é que em court fazia parecer tudo fácil, mas as pessoas não conseguem imaginar o trabalho que havia por trás.

O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt