João Sousa: «Este tipo de jogadores quando estão por cima são demolidores»

Por Luísa Palmeira - Abril 5, 2023

João Sousa, antigo número um português e atual 147.° do ranking mundial, disse esta quarta-feira adeus ao torneio de singulares do Millennium Estoril Open. Sousa foi eliminado em três sets pelo número cinco mundial, Casper Ruud. Após a derrota, João Sousa falou aos jornalistas e confessou que apesar de ter sido eliminado, esteve muito satisfeito com o nível mostrado até agora no torneio.

Acho que no primeiro set ele se calhar não estava tão bem habituado às condições de jogo e custou-lhe um bocadinho e eu aproveitei essa vantagem. Depois o segundo e terceiro sets foram muito parecidos, onde eu não consegui aguentar o meu serviço e depois com uma vantagem confortável para ele as coisas mudaram, e ele sem essa pressão ou medo de perder ou não jogar bem, conseguiu soltar-se vendo-se por cima [do resultado]. E com este tipo de jogadores acontece mesmo isso – quando estão por cima são demolidores. E a verdade é que o nível dele tanto no segundo como no terceiro set foi mais alto que o meu, eu tive algumas dificuldades para acompanhar. No entanto, dei tudo o que tinha e apesar da derrota estou contente com o meu nível.

O elogio de Ruud em como podes jogar como um top-30

Se fisicamente conseguir estar a 100%, que não tem sido fácil, entao sim tenho o nível para estar no top-100, no top-50 como já estive. Acredito que sim. Este nível é muito parecido aquele que eu estou mais habituado e aquele que eu quero e sei que consigo atingir esse bom nível. Como digo, apesar da derrota contente com a forma como joguei, pela forma como encarei o jogo. O público mais uma vez esteve incrível, do meu lado, sempre a apoiar. Hoje não consegui essa vitória, mas contente. Para mim é sempre um privilégio jogar aqui em casa e sentir este apoio incrível e este carinho.

A queixa do Ruud que foi mais agressivo do que o normal. Estratégia?

A estratégia era tentar ser agressivo, e não lhe dar muito ritmo, porque sabia quando ele ganha algum ritmo é muito perigoso e foi o que aconteceu. Eu no segundo set joguei pontos mais compridos porque não estava a conseguir ser tão acutilante, tão agressivo, e passei fatura, porque depois ele conseguiu ganhar ritmo e conseguiu jogar a um bom nível. Mas [a estratégia] passava por ser mais agressivo, pressionar mais a esquerda dele, tentar subir à rede, com pontos curtos e a verdade é que estava a fazer isso na perfeição, mas no segundo e terceiro set não consegui, também por mérito dele que aumentou o nível de ténis e não consegui fazê-lo tão bem.

Eu estou consciente que o nível foi muito bom – dele, possivelmente foi do melhor dos últimos meses, porque eu conheco-o, sei como ele joga, e não tem vindo a fazer bons resultados porque este nível que ele apresentou aqui não tem aparecido. Em relação aos pares, [estou] focado. O Dominic tem de jogar amanhã os singulares, vamos ver como corre. Eu vou dar tudo para vencer, acho que ele está no mesmo registo que eu e vamos dar tudo e tentar passar à meia-final. O público é sempre importante, e eu acredito que amanhã vamos ter esse carinho.

Qual o efeito da vitória de ontem em pares?

A vitória de ontem foi emotiva para mim. Por tudo um pouco: pela fase que estou a atravessar, pelo nível que apresentei, pelo público, por jogar aqui, foi uma mistura de sentimentos. Hoje sabia que ia ser um encontro difícil, sabia que se conseguisse exibir ao meu nível tinha oportunidades de vencer, que foi o que aconteceu. Tive as minhas oportunidades, no segundo set tive um ponto de break para tentar estar no marcador, não o consegui fazer e ele depois descolou no marcador mas estou contente com o nível apresentado esta semana