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João Sousa e 18 meses em que nada tem corrido bem
O último ano e meio da carreira de João Sousa não tem sido fácil. Desde que atingiu os oitavos-de-final de Wimbledon em 2019, num dos resultados mais importantes da história do ténis português, sucederam-se uma série de acontecimentos que têm afetado negativamente a carreira do melhor tenista português de sempre. Primeiro, uma fratura de esforço atirou-o para fora de court na reta final de 2019, impedindo-o não só de fazer uma pré-época em condições, como de competir ao seu melhor nível durante os primeiros meses de 2020. Depois… meteu-se a pandemia e o circuito parou durante muitos meses, como é sabido. No regresso, João sentiu dificuldades, que não escondeu.
“Não me tenho sentido bem em campo, tenho andado desanimado animicamente. Tenho treinado bem e competido muito mal. Este é mais um resultado mau, dececionante e a verdade é que as coisas não me têm corrido bem, está a ser difícil aceitar isso”, confessou-nos depois de perder na primeira ronda de Roland Garros, uma das suas muitas exibições desapontantes em 2020.
Mas os azares não ficaram por aí. Em outubro e depois de alcançar uma das suas melhores vitórias do ano (Andreas Seppi, no qualifying de Bruxelas), o vimaranense voltou a lesionar-se, desta feita com uma tendinite que lhe roubou o resto da época. O pior ano da sua carreira, admitiu, desejoso que chegasse 2021.
Sousa não é rapaz de virar a cara à luta, nunca foi, pelo que fez uma pré-temporada intensa de olho no novo ano. Entre Barcelona e Alicante, trabalhou duro com Frederico Marques, inclusivamente alguns aspetos técnicos (e não só, como a mudança de raqueta) do seu ténis. Optaram até por não ir ao ATP 250 de Antalya, na primeira semana do ano, para prepararem da melhor forma possível a viagem para Melbourne.
Mas há alturas da vida em que tudo corre mal e a João Sousa aconteceu-lhe precisamente aquilo que não podia ocorrer em vésperas de viajar para o torneio de ténis mais importante do primeiro semestre do calendário: um teste positivo à covid-19, que acabou por obrigá-lo a desistir da competição este sábado.
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Terminada toda esta cronologia que nos leva ao momento em que nos encontramos é importante colocar tudo isto em perspetiva. Não ver o nome de João Sousa no quadro principal de um Grand Slam é um facto raro. Não acontecia desde Wimbledon 2013 e isso, por si só, é um motivo de orgulho, ainda que um prémio de consolação que certamente não ajudará muito a subir a moral de uma das pessoas mais competitivas que o ténis mundial conhece. Este ciclo de Majors seguidos (incluindo qualifyings vinha desde Wimbledon 2011) que agora termina, é não só o maior da história do ténis português, como orgulharia muitos jogadores um pouco por todo o Mundo.
O estatuto de top 100 sólido (e top 50 na maioria das épocas) que João Sousa alcançou no ténis mundial ao longo dos últimos sete anos é muitas vezes dado como adquirido pelos adeptos, que se habituaram a vê-lo nestes palcos e a exigir cada vez mais do vimaranense, mas a verdade é que, olhando para trás, à crueza dos números, constatamos que apenas 18 tenistas neste momento têm séries de participação em Grand Slams consecutivos superiores às do número um nacional.
Quis o destino que o primeiro Major falhado por João Sousa desde 2013 seja aquele em que o ténis português ia ter uma participação histórica de três elementos em singulares masculinos. Terá de ficar para outra vez, esperemos que já em Roland Garros. Quanto a João Sousa, não tenhamos dúvidas de que ele vai voltar. Tão forte ou melhor do que nunca!
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