Henrique Rocha radiante: «É difícil acreditar que estou no quadro principal do Estoril Open»

Por Pedro Gonçalo Pinto - Abril 2, 2023
Miguel Reis/Bola Amarela

Henrique Rocha pode ter apenas 18 anos, com o 19.º aniversário a ser celebrado na próxima quinta-feira, mas já cumpriu um enorme sonho. É que o português estreou-se em torneios ATP no Millennium Estoril Open e furou a fase de qualificação. Ora, vai jogar o quadro principal de um torneio ATP antes de o ter feito no circuito Challenger e apenas dois anos depois de somar o primeiro ponto da carreira. Numa conferência de imprensa em que nunca parou de sorrir, falou de tudo um pouco.

ESTREIA NUM QUADRO ATP ANTES DOS CHALLENGERS

Se alguém dissesse que me ia estrear no quadro de um ATP antes de um Challenger dizia que estava maluco! Ontem ao final do dia lembrei-me disso. Esta é a minha semana de aniversário e lembro-me que ganhei o meu primeiro ponto na minha semana de anos, num domingo de páscoa. Se alguém me dissesse que passado dois estaria a jogar o quadro do EO antes de um Challenger nem acreditaria nisso.

O QUE ESTE MOMENTO SIGNIFICA

Principalmente olho para estes torneios, este último mês e meio desde que começou a época 2023, este início de época estou com grande nível. Os resultados vão acabar por aparecer, o ranking vai subir. É nisso que estou mais focado neste momento para melhorar o meu nível.

QUEM QUER NO QUADRO PRINCIPAL

Não tenho ninguém que prefira ou goste menos. Qualquer é uma boa oportunidade e joga muito bom ténis para estarem no quadro principal. Venha o que vier estou pronto para a batalha.

ANÁLISE AOS POTENCIAIS ADVERSÁRIOS

Thiem diria que enfrentá-lo seria mais difícil mentalmente. Entrar no campo e apesar de não estar na melhor forma o nome dele tem muito peso. O Fognini também admiro muito principalmente pelo seu talento. É um grande jogador e tem uma carreira fabulosa. É sempre um jogo muito perigoso. Thiem nestas condições, em que a bola está a saltar muito, são boas para voltar a estar em forma. Zapata não conheço muito bem, lembro-me dele na Maia e sei que tem evoluído, o Van Assche já conheço melhorzinho, tem a minha idade. Cresceu um bocadinho mais rápido do que eu sem dúvida. Esse seria o que conheço melhor e estaria mais à vontade para jogar.

O QUE TIRA DESTA EXPERIÊNCIA

Estou a aproveitar o facto de poder vê-los a aquecer e treinar perto de mim. A primeira pessoa que vi aqui quando entrei na sexta-feira foi o Casper Ruud e fiquei logo com respeito. Passei por um deles e até tenho uma sensação de respeito por eles mesmo. Acima de tudo, estou a tentar aproveitar a experiência de trabalhar perto deles, ver a rotina deles, como trabalham o seu dia de treinos. É uma experiência fantástica, mas estou aqui focado em mim, no meu trabalho e nas minhas rotinas diárias não tenho mudado nada.

EMOCIONADO COM TRIUNFO

Nem sabia que ia ter a oportunidade de jogar o qualifying e é um grande orgulho por ter aberto o Estádio Millennium nesta oitava edição. Aproveitei esta oportunidade de ter wild card, estou no quadro e ainda é um bocadinho difícil de acreditar que estou no quadro principal de um 250. Estou sem palavras para descrever o que sinto porque é uma experiência, um sentimento novo, não consigo explicar.

WILD CARD NOS ÚLTIMOS DIAS

Como jogadores de ténis, desde pequeninos sabemos para o que vamos. Eu nem sabia muito bem, para ser sincero, mas já percebo melhor. Temos de nos adaptar a toda a hora, uma semana em rápido, outra em terra, inscrever neste torneio, inscrever no outro. São adaptações que estamos habituados a fazer no dia-a-dia e sinto-me muito melhor no quadro principal do Estoril Open do que em Réus! Sinto-me muito melhor estando ao lado destes grandes campeões.

ANÚNCIO DE FIM DE CARREIRA DE PEDRO SOUSA

Ainda ontem lhe mandei os parabéns e disse que é um exemplo. Quando entrei para o CAR, ele estava top 100 ou perto e eu treinava com ele. Ele é que me mostrou desde cedo a raça, a puxar nos treinos, pelo cabedal. Já treinava bem mas nunca tinha percebido quais eram os limites. Olhava para ele e via que estava todos os treinos no limite. É um exemplo para mim, um grande jogador, admiro mesmo o Pedro como jogador. Sinto-me um bocado triste por ele deixar o ténis, mas há sempre uma hora para tudo e acho que é o melhor para ele.

O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt