Borges: «Não me alimento de feitos históricos. Saía daqui mais feliz se tivesse perdido mas jogado bem com o Ruud»
PARIS. FRANÇA. Nuno Borges, número um português e 41.º colocado do ranking ATP, apareceu naturalmente muito triste em conferência de imprensa depois de perder em três sets com o australiano Alexei Popyrin na terceira ronda de Roland Garros. O maiato de 28 anos ficou desiludido por não ter conseguido subir o nível num encontro tão importante.
MUITO CRÍTICO DA SUA EXIBIÇÃO
Acho que não joguei bem. Não comecei bem, não acabei bem. Fiz muitos erros. Ele serviu e respondeu melhor do que eu e isso no final faz toda a diferença. Faltou jogar melhor. Más decisões, más execuções. Estive dois sets sem conseguir responder ao serviço dele. É patético a este nível isso acontecer. Fisicamente estava melhor do que ele mas não consegui jogar bem. Acabo por colocar um pouco em causa a minha terceira ronda. Senti que não estou a jogar ténis para estar na terceira ronda. Pelo menos não da maneira que estava à espera. Não consegui fazer as coisas bem. A terra batida exige mais do que isto. Senti-me vulnerável e exposto em várias situações. É difícil jogar sem resposta. Mais uma vez entrei mal, dois ou três maus pontos, ele jogou bem noutros e pronto. Começa logo break acima e eu depois sem conseguir meter uma resposta.
NÃO SUBIU AS EXPECTATIVAS DEPOIS DA VITÓRIA SOBRE RUUD
Pus as expectativas em baixo. Ganhei ao Casper mas sabia que só consegui crescer naquele jogo porque sabia que ele não estava bem. Da maneira que ele estava, não acho que ele conseguisse ganhar a muita gente. Sabia que estava na terceira ronda mas tinha que jogar melhor. E não joguei melhor. De todo.
MAIS CALOR E CONDIÇÕES MAIS RÁPIDAS
Condições muito diferentes, ressalto de bola muito diferente. Parece outro desporto. Tive muitas dificuldades na esquerda. Especialmente a responder. O serviço dele já salta muito, com este calor ainda mais. Percebi rapidamente que só iria conseguir responder mais atrás. Ele soube capitalizar bem também isso. Demorei muito a adaptar-me.
DIFÍCIL FAZER BALANÇOS APÓS UMA DERROTA DURA
Neste momento é difícil ver o positivo. Eu não me alimento de feitos históricos. Foi história para Portugal, ótimo, mas eu estou a fazer o meu caminho e a viver o aqui e agora. Se calhar se tivesse jogado bem contra o Casper e perdido saía mais feliz do que com uma má exibição na terceira ronda. Eu sei que pode não fazer sentido na cabeça de algumas pessoas, mas é assim que me sinto. São 100 pontos importantes num Grand Slam, não é todos os dias. É mais respeitado por isso, mas saio desapontado.
Nuno Borges luta muito mas cai na terceira ronda de Roland Garros