João Sousa e o que se segue: «Quero desfrutar do ténis, algo que não faço há muito tempo»

Por Pedro Gonçalo Pinto - Agosto 6, 2023
Créditos: Porto Open

João Sousa sagrou-se vice-campeão do Porto Open, cedendo numa final apertada com Luca Nardi. Na hora de fazer o balanço da semana, o vimaranense de 34 anos falou sobre o que se segue, deixando muita coisa em aberto. Acima de tudo, o melhor tenista português de sempre sabe que quer desfrutar do seu tempo dentro de court.

PERTO DO TÍTULO

Faltou muito pouco para vencer este título. O Luca é um grande jogador e demonstrou que é um jovem com muito talento que tem vindo a evoluir muitíssimo. Eu sabia disso. Surpreendeu-me a maturidade dele em reagir ao ambiente que se viveu aqui hoje. Foi um ambiente incrível, o estádio estava completamente cheio. Nunca baixaram os braços, sempre a torcer por mim. No primeiro set não entrei bem, mas tive essa capacidade de reação para fazer dois breaks, de subir o meu nível de ténis. Depois o encontro ficou um bocadinho decidido no princípio do segundo set em que não fui muito feliz. Relaxei demasiado, houve momentos em que ele jogou muito bem, houve outros em que tremeu. Tentei aproveitar, mas quando estava bem e a sentir bem a bola era muito perigoso. Foi o que aconteceu no terceiro set. A nível físico também vim um bocadinho abaixo. Mas acredito que se tivesse feito break para 5-5 no segundo set as coisas podiam ter sido diferentes.

BALANÇO DA SEMANA

Não estava à espera de fazer final, vim com outra expectativa, de desfrutar, tentar ver como estava fisicamente. Acho que me aguentei bastante bem para um primeiro torneio depois de tanto tempo parado. O apoio do público foi incrível, deu-me muita força. Foi um ambiente quase de Taça Davis. Sentir este apoio é incrível. Ter o sentimento de que falhei perante o apoio que me deram deixa-me um bocadinho magoado mas faz parte do ténis. Dei o meu melhor.

APOIO DO PÚBLICO ESPECIAL

Claro que queria vencer ao estar na final, estive muito perto. Senti-me frustrado por não dar a vitória ao público. Sou o primeiro que fica dececionado com esta derrota. Costumo dizer que ou se ganha ou se aprende. E eu aprendi que não posso controlar todos os momentos. Controlei os que consegui e dei o meu melhor.

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O QUE SE SEGUE?

Não consigo adiantar nada. Em Guimarães foi completamente diferente. Dá-me motivação para continuar a jogar. Agora vou dar algum tempo parado para recuperar, para refletir e em breve vou se calhar reunir com vocês e perceber o que vai acontecer. Mas esta semana dá-me motivos para continuar e perceber que o nível está lá. Que mentalmente estou melhor e que fisicamente não estou tão mal como achava. Vamos ver como recupero, como estou animicamente para continuar.

IMPACTO NO RANKING

Não estou a pensar minimamente no ranking. Passa por ser feliz no campo, perceber se estou a desfrutar naquilo que faço. Não tenho nem devo nada a ninguém na minha carreira. O ranking é um reflexo do nível que apresentámos. Hoje apresentei nível de top 100, não tenho dúvidas de que o Luca vai estar lá, eventualmente no top 50. Quando comecei o torneio não sabia em que ranking estava e agora não sei em que ranking vou estar. O foco agora é diferente do que tive toda a minha vida, mas acho que é bom.

OBJETIVO AGORA

O objetivo é voltar à competição mas há coisas a ponderar ainda. Neste momento quero tentar desfrutar do ténis, que é algo que não faço há muito tempo

O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt