Sinner quebra o silêncio em relação ao caso de doping e explica como tudo aconteceu

Por Pedro Gonçalo Pinto - Agosto 23, 2024

Jannik Sinner falou publicamente pela primeira vez desde que foi tornado público que testou positivo por duas vezes em controlos antidoping realizados em Indian Wells. O número um do Mundo não deixou nada por dizer e explicou tudo o que se passou, incluindo o porquê de ter sido autorizado a continuar a jogar.

CONSCIÊNCIA TRANQUILA

Esta situação não é a ideal antes de um Grand Slam. Na minha cabeça sempre soube que não fiz nada de mal. Joguei vários meses com este tema na minha cabeça mas sempre a lembrar-me de que não fiz nada de mal. Sempre respeitei as regras de antidoping e sempre as vou respeitar. O resultado foi um alívio. É genial poder estar de volta, numa cidade com um ambiente incrível para jogar ténis. Espero desfrutar o possível e fazer um grande torneio.

PREFERIA QUE TIVESSE SIDO PÚBLICO?

Foi um processo muito longo. Estou há muitos meses a lidar com esto, todos sabemos quanto tempo. Agora tive de tomar algumas decisões depois do veredicto. Há algumas datas que deves respeitar durante o processo, não podes escolher quando sai ou não. Estou feliz por já ser público, de certa forma é um alívio. Por tudo isto, claro que a preparação para o torneio não foi perfeita. Mas agora é público, não há mais nada.

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Gostaria, em primeiro lugar, de dizer que foram uma parte importantíssima da minha carreira. Trabalhámos juntos durante dois anos e fizemos um trabalho incrível, com muito sucesso. Agora, devido a estes erros, não me sinto com tanta confiança para continuar com eles. A única coisa de que preciso agora é espaço. Sofri muito nos últimos meses. Estava à espera do resultado, agora preciso de ar limpo.

ESTEVE PREOCUPADO COM POSSÍVEL CASTIGO?

Quando nos informaram do positivo, fomos logo perceber de que substância se tratava. Umberto Ferrara é quem sabe muito bem este processo, sabe muito de nutrição e farmácia. Soube logo que era do spray. Ao saber que era do spray e como tinha acabado no meu corpo, respondemos de imediato, explicámos tudo acerca de como se tinha passado e esse foi o motivo por ter podido continuar a jogar. Depois, enquanto jogava, claro que pensamos acerca do que podia acontecer no futuro, mas pude jogar porque sabíamos onde estava a substância e como tinha entrado no meu corpo. Entenderam de imediato, acreditaram em nós e por isso joguei. Claro que senti preocupação porque é a primeira vez, e espero que a última, que estou nesta posição. Outra coisa é a quantidade que estava no meu corpo que era 0,000000001, muitos zeros antes do um. Estava preocupado, claro, porque tenho cuidado com isto e acho que sou um jogador justo, tanto dentro como fora do court.

TEVE TRATAMENTO DIFERENTE?

Não. Cada jogador que dá positivo passa pelo mesmo processo. Não há atalhos, não há tratamento preferencial, todos vivem o mesmo processo. Expliquei porque continuei a jogar, só tenho isso a dizer. Claro que entendo a frustração deu outros jogadores, mas talvez o motivo de terem sido suspenso é porque não sabiam exatamente de onde vinha o positivo, de que substância, mas o motivo principal é de onde vem e como entrou no teu corpo. Nós soubemos logo. Respondemos de imediato e suspenderam-me durante dois ou três dias. Não pude treinar nesse tempo, mas aceitaram os motivos muito rápido e pude continuar a jogar.

O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt