Ruud: «É inspirador ver quando um país como Portugal tem jogadores como Borges e Sousa»

Por José Morgado - Abril 1, 2023

Casper Ruud passou este sábado pela sala de conferências de imprensa do Millennium Estoril Open e não fugiu a nenhuma questão. Super eloquente e muito elaborado a cada resposta, o norueguês de 24 anos falou das especificidades do seu calendário de 2023 e do quão feliz está por se estrear no maior torneio português.

PRIMEIRA VEZ NO MILLENNIUM ESTORIL OPEN

Não é a minha primeira vez em Portugal, mas sim no torneio. Sempre foi difícil jogar esta prova porque tinha um bom historial em Munique que era na mesma semana, mas sempre achei que o torneio era ótimo. As condições são mais semelhantes ao que vemos em Roma, Madrid, sul da Europa. Os courts são parecidos e sempre quis jogar aqui. Para mim foi excelente terem mudado para a semana anterior a Monte Carlo porque é bom ter uma semana de encontros antes desse grande evento. Estou muito motivado e contente por estar aqui. É a minha parte favorita da temporada, estamos perto de casa, joga-se em terra batida. Não jogo na superfície desde Julho, devo estar enferrujado, mas tenho alguns dias de preparação e estou empolgado.

PRONTO PARA A TERRA BATIDA EUROPEIA

Espero fazer um bom torneio e boas semanas em terra batida. Não foi o começo de ano ideal, por isso tenho de subir o nível se quero manter-me onde estou no ranking. Espero que este torneio faça parte do sucesso.

NÃO JOGOU GOLDEN SWING EM 2023, O QUE É RARO

Já houve outro ano, em 2021, em que não joguei o Golden Swing e ainda assim fiz uma boa época de terra batida. É claro que é diferente, exige um período de adaptação especial, mas sinto-me bem após dois dias de treinos e isso é positivo.

JOGOU BRAGA EM 2018 E ELOGIA PORTUGAL

Tive uma semana muito boa em Braga, em 2018, e perdi na final com o Pedro Sousa. Em 2018 ainda não estava estabelecido no ATP Tour, fazer uma final Challenger foi um grande resultado. Sempre que vejo o Pedro penso nessa final e também jogámos na minha primeira final ATP em Buenos Aires. Fico feliz por ter ganho essa e ele a de Braga (risos). Mas é muito bom estar cá. É um país que tem este torneio e podia ter mais. Espanha é aqui ao lado e tem muitos torneios e jogadores. É bom também ver novos talentos como o Nuno Borges, estão a fazer um bom trabalho em Portugal. É também impressionante ver o João Sousa fazer tão bons resultados no ATP Tour, é inspirador. Não é o maior país no ténis, tal como a Noruega, não temos grande história. E quando alguém de um país pequeno faz bons resultados é inspirador para mim.

ADMITE ERRO NA PREPARAÇÃO DA TEMPORADA

A minha temporada não está naturalmente a correr como eu gostaria. Se isso foi por causa da minha segunda pré-temporada em fevereiro e de o facto de ter jogado todas aquelas exibições com o Nadal, não posso garantir. Nunca saberemos. Não penso que voltarei a fazer em 2023 aquilo que fiz em 2022, mas não sido fácil gerir o meu calendário, porque tenho jogado as ATP Finals (foi às meias-finais em 2021 e à final em 2022) e depois a United Cup arranca cedo demais para mim. É menos de um mês e eu não posso falhar aquela competição. Os meus outros companheiros dependem de mim e se eu não for eles não podem jogar.

 

Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 13 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: josemorgado@bolamarela.pt