Nuno Borges não pára de aprender: «A este nível já não te vês como um jogador especial»
Numa muito interessante entrevista ao portal Punto de Break, Nuno Borges falou sobre o crescimento que está a ter no circuito Challenger, deixou rasgados elogios a João Sousa e Rui Machado, e ainda falou sobre os objetivos a curto prazo. Muito sumo nas palavras do maiato, que está nos quartos-de-final do Challenger de Segóvia e a dois triunfos de entrar no top 100 pela primeira vez na carreira.
APRENDIZAGEM NOS CHALLENGERS
Estou a aprender todas as semanas. Não tenho assim tanto tempo nos Challengers. É o meu primeiro ano como tenista profissional, já que no ano passado tive um par de lesões. Faz tudo parte de um processo de aprendizagem. E sim, vejo que o ténis universitário é um pouco mais fácil porque não jogas durante todo o ano. Quando chegava aqui no verão estava esfomeado para jogar o tempo todo. Este é um circuito muito exigente para o corpo mas acima de tudo para a mente.
IMPORTÂNCIA DE SER FORTE MENTALMENTE
A este nível já não te vês como um jogador tão especial. É difícil achares-te superior ao resto porque toda a gente tem várias pontos fortes. Todos fazem o possível para camuflar as debilidades que possam ter, é difícil explorá-las. É isso que estou a aprender. O que devo fazer para que tudo funcione, quais são as melhores opções num court. Tento apoiar-me muito no meu serviço e ser agressivo a partir daí. Estou a tentar melhorar quanto a adaptar-me para cada encontro. A minha principal fortaleza é estar na luta cada semana, ser regular, fazer o meu trabalho e ser competitivo. Amo competir, será sempre uma parte de mim e é o meu maior ponto forte. Não é algo físico ou técnico, é a forma como abordo cada encontro.
DOIS TÍTULOS CHALLENGER
Estou muito orgulhoso por ter ganho esses dois torneios, mas no panorama geral vês que perdi muitos encontros pelo meio. Sinto que vou dando pequenos passos semana após semana, superando barreiras pessoais, desde ir aos Grand Slams, jogar o meu primeiro quadro principal de um Major… O nível está constantemente a subir e tenho de melhorar.
EXEMPLO DE OUTROS PORTUGUESES COMO JOÃO SOUSA, GASTÃO ELIAS E RUI MACHADO
Os seus caminhos foram diferentes do meu, mas todos nos ensinaram que é possível alcançar novos feitos no ténis sendo português. Eles marcaram o caminho para os portugueses mais jovens e é um desporto que está a melhorar nesse sentido graças a eles. João ganhou torneios ATP, este ano ganhou um e já fez outra final. Mostra que é possível graças ao trabalho duro. Não estou a dizer que não seja um jogador incrível e que não tenha qualidades especiais, porque as tem, mas o seu principal traço é que é um trabalhador incansável. Em cada encontro mostra que ganhar é muito importante para ele. Quanto ao Rui, como jogador ele às vezes diz-me que não é nada, que o seu físico não era incrível… Mas trabalha muito duro e chegou à elite por isso.
OUTROS LUSOS NO CIRCUITO UNIVERSITÁRIO NORTE-AMERICANO
Cada caminho é diferente. Cada pessoa, cada jogador escolhe um caminho. Antes de mim, o João Monteiro mostrou-nos que era possível ganhar Futures depois de passar pela universidade. O meu caminho é diferente do dele, mas se calhar pode tornar-se numa tendência a partir de agora. Quando tinha 18 anos sabia que não estava preparado para o circuito profissional e é por isso que fui para os Estados Unidos, mas talvez haja rapazes que vão por outros motivos. Tornares-te profissional aos 18 anos é muito duro. Vejo muito potencial nos nossos rapazes e acho que temos muito futuro.
OBJETIVOS ATÉ AO FIM DO ANO
Estou muito perto do top 100, então é óbvio que gostava de entrar lá no final da temporada. Talvez também qualificar-me diretamente para o quadro principal de um Grand Slam. É difícil dizer porque um torneio pode fazer a diferença. Talvez na próxima semana tenha um objetivo completamente distinto. Quero focar-me no meu caminho, acho que estou na decisão certa e foco-me mais no meu trabalho do que nos números. Os números podem fazer-te estagnar.