Nadal explica o adeus: «Se pudesse continuava a jogar mas é impossível»

Por Pedro Gonçalo Pinto - Novembro 18, 2024

Se não dá para ganhar tudo, então não vale a pena. No fundo, este é o resumo do porquê de Rafael Nadal colocar um ponto final na carreira nesta semana, em plenas Davis Cup Finals. O espanhol falou em conferência de imprensa e não deixou nada por dizer antes do embate com os Países Baixos.

TRABALHO SÉRIO

Os fins de filme são para Hollywood. Temos de nos focar e competir e fazer o melhor para a equipa. Tentei trabalhar o melhor possível durante o último mês e meio para chegar aqui em boas condições e acho que melhorei muito. É difícil ver o nível real quando não competes, mas se jogar algum encontro vou fazê-lo com o entusiasmo e determinação máximos. Significa muito poder despedir-me em Espanha e no court. Não posso prever como me vou sentir se competir, mas tenho de deixar as emoções de parte. É o capitão que decide, aqui o importante é a equipa e que estejamos à disposição para lutar pela saladeira.

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O QUE APRENDEU COM A CARREIRA

Não sou o tipo de pessoa que diz que não mudaria nada porque acho isso arrogante. Claro que tomaria decisões deferentes se voltasse atrás, mas sinto-me em paz comigo mesmo porque dei tudo o que tinha. O mais importante é que aprendi a aceitar os desafios, a trabalhar a cada dia para ser melhor e desfrutar do processo. Vou sentir falta do dia-a-dia necessário para competir, mas também da adrenalina que se tem no court e o ambiente que os adeptos criam.

PORQUÊ ACABAR AGORA

O que me faz deixar o ténis agora é que já não posso ser suficientemente competitivo. Podia jogar mais um ano para me despedir dos torneios mais importantes da minha carreira, mas não faz sentido para mim continuar no ativo que sei que o meu corpo não me deixa lutar pelos objetivos competitivos que me motivam. Não estou queimado pelo ténis, se pudesse continuava a jogar mas é impossível treinar com a continuidade necessária para competir a um nível que compense os esforços do dia-a-dia.

O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt