João Sousa: «Se eu quiser de facto continuar, tenho de trabalhar»

Por José Morgado - Abril 18, 2023

João Sousa passou esta terça-feira pela sala de conferências de imprensa do Oeiras Open e mostrou-se naturalmente muito desapontado com a derrota na primeira ronda do Challenger 125 que se joga esta semana no Jamor. Honesto, o vimaranense abriu o coração sobre o seu momento menos bom, reconhecendo que não sabe quando tempo mais aguentará a jogar a este nível.

MUITO CRÍTICO SOBRE A SUA PRESTAÇÃO FRENTE A STEVEN DIEZ

Simplesmente não competi hoje. Não entrei em jogo e passei ao lado do encontro. Há pouco a dizer. Vinha com boa expectativa, vim com tempo, adaptei-me bem às condições de jogo, fiz sets de treino muito bons o que indicava que estava a jogar a um bom nível. Mas hoje não foi um bom nível. Há dias assim, é difícil de aceitar porque quero jogar bem em Portugal. Tinha boas indicações e não consegui jogar bem. Estou bastante triste com o desempenho e com a derrota. Estive apático, pouco agressivo, a mexer-me mal. Tudo errado. Era um jogador que me conhecia bem. Treinei milhares de vezes com ele em Barcelona. Se fizermos 100 sets, ganho 95. Mas simplesmente hoje não correu bem. Animicamente mal, sem motivação, triste. Tudo muito mal.

SURPREENDIDO COM A MÁ EXIBIÇÃO

Joguei no Estoril Open a muito bom nível, andava a treinar bem e a ganhar sets em treino a jogares muito bons. Mas o meu nível exibido hoje não mostra isso.

NÃO SABE SE ANIMICAMENTE VAI RECUPERAR RÁPIDO

Estou inscrito em Madrid, mas não sei se entro. Depois um Challenger, qualy de Roma e outro Challenger. Para já é o calendário e vamos ver se animicamente estou bem para jogar estes torneios. Só há dois caminhos: trabalhar ou ir abaixo. Se eu quiser de facto continuar, tenho de trabalhar. Vamos ver como estou nos próximos dias.

JOGAR EM CASA NEM SEMPRE É FÁCIL

Independentemente da experiência que tenho, jogar em casa é sempre especial. Eu sinto isso. Às vezes é bom, mas por outro lado ponho mais pressão para querer jogar bem. Não quero provar porque não tenho nada a provar a ninguém, mas quero jogar bem. Todos os jogadores sabem que é difícil. Há quem tenha sido número um do Mundo e nunca jogaram bem em casa. Houve anos em que lidei melhor, outros pior.

João Sousa irreconhecível é eliminado na 1.ª ronda do Challenger de Oeiras

NADA DE POSITIVO A RETIRAR

Difícil aprender com um encontro como este em que não fiz nada bem feito. Foi tudo péssimo. É difícil querer analisar muito isto que se passou aqui. Foi um dia mau e espero que não aconteçam muitos mais. Já tive alguns mas espero não ter muitos mais no pouco que me resta de carreira.

MOMENTO COMPLICADO AOS 34 ANOS FAZ PENSAR NO FUTURO

Não sei como vou lidar com este momento. Animicamente estas derrotas deitam-me abaixo, ainda para mais quando se tem 34 anos. Estes dias são de análise, sentar e perceber o que é que está mal. Obviamente não é para isto que eu jogo ténis, para jogar Challengers, sem tirar mérito porque o nível tem vindo a aumentar muitíssimo e há uns que parecem ATP. A diferença hoje em dia é muito pouca. Mas estou habituado a outro nível e sou consciente do que é preciso para estar lá em cima. E não tenho conseguido. Se não conseguir encontrá-lo durante muitos mais meses obviamente não é isto que quer fazer e teria de ponderar algumas situações.

RANKING NÃO É O FOCO

Nunca penso em pontos e em ranking, penso no nível a que jogo porque o ranking é um espelho do meu nível. E isso não tem nada a ver com os pontos que perco. O meu ranking é aquele que é. Vou perder os pontos de Genebra eventualmente e não faço a mínima ideia para que ranking vou. Sei que se jogar bem, vou voltar lá para cima, se jogar mal continuo cá em baixo. Este ano fiz torneios com bom nível: Córdoba, Estoril. Às vezes cai para o meu lado, outras não, mas os resultados não têm acompanhado o nível que tenho vindo a exibir.

 

Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 13 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: josemorgado@bolamarela.pt