João Sousa: «É muito difícil ver-me a 250 ATP, mas é o meu nível neste momento»

Por José Morgado - Maio 23, 2023
João-Sousa-Miami

Caído para fora do top 250 pela primeira vez desde 2011, João Sousa foi eliminado esta segunda-feira na primeira ronda do qualifying de Roland Garros e no final do encontro conversou com a única jornalista portuguesa presente no local, da rádio ‘RFI’, não fugindo a nenhum dos temas quentes da sua carreira neste momento. A derrota dura após ter match point e a sua abrupta queda no ranking foram os temas principais de uma conversa onde admite ainda nem sequer pensar nos Jogos Olímpicos nesta fase…

DERROTA DURA APÓS TER MATCH POINT

O ténis é mesmo assim. Ele no final foi melhor, jogou melhor naquele momento. Encontro disputado, nível aceitável. Não é aquele que quero e posso jogar, mas foi o que consegui meter em campo. Quase venci, infelizmente não consegui, tive perto e talvez tivesse merecido pelo que fiz. Mas ele esteve melhor na reta final.

ADVERSÁRIO ARRANJOU FORÇAS NO FINAL

Eu quando tinha 24 anos também ia buscar energia onde já não tinha. Com 34 é mais difícil. Ele é mais jovem, tem outra frescura e notou-se isso. Mas não foi por aí. Foi mais agressivo nos momentos importantes do que eu e isso fez a diferença.

RANKING É O ESPELHO DO SEU NÍVEL

Não me preocupa o meu ranking. É o que é e define aquilo que tenho vindo a fazer. Não tenho conseguido vencer encontros e o ranking vai descendo. O ranking é um espelho daquilo que é o meu nível e o meu nível neste momento é este.

DIFÍCIL MENTALMENTE OLHAR PARA O SEU RANKING

É muito difícil mentalmente. Estou há 10 anos na elite, no top 50, top 100. Ver-me a 250… a última vez que tinha estado numa classificação destas foi para aí em 2011. Há uns 12 anos. Não é esse o ranking que quero ter. É difícil de aceitar, mas é o que é. Há que continuar a lutar contra isso.

E AGORA, O QUE FAZER?

A estratégia é continuar a trabalhar e a acreditar. Resultou durante 10 anos e não tem por que não resultar agora. A minha disponibilidade física não é a mesma e muitas vezes sinto que perco pontos por não estar corretamente na bola. Tenho de tentar virar as coisas.

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APOIADO NAS BANCADAS

Aqui em França os portugueses fazem-se ouvir. Foi um ambiente bonito para os dois. É motivo de orgulho ver que as pessoas me seguem e tentar apoiar-me. O carinho e o apoio do público foi muito bom.

JOGOS OLÍMPICOS NÃO ESTÃO EM MENTE PARA JÁ

Neste momento Paris’2024 não é objetivo porque o meu ranking não permite. Neste momento há outras prioridades. Tenho de aumentar o meu nível e depois sim sonhar com os Jogos. Gostaria de fazê-lo uma terceira vez. Estou mais focado noutros objetivos.

ORGULHO EM REPRESENTAR PORTUGUÊS

Pessoalmente é um privilégio representar Portugal. Na Davis também, onde não jogo pelo dinheiro mas sim pelo orgulho em ser português. Representar Portugal é tudo, quase mais importante do que a minha carreira individual.

Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 13 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: josemorgado@bolamarela.pt