Final do Australian Open: as 5 chaves para Thiem ter chances de derrotar Djokovic

Por José Morgado - Fevereiro 1, 2020

Dominic Thiem, número cinco do ranking mundial e um dos melhores jogadores do Mundo ao longo do último ano — ganhou cinco títulos ATP (três dos quais em piso rápido) entre março e outubro do ano passado) — terá difícil tarefa de tentar, este domingo, tornar-se no primeiro homem da história a derrotar Novak Djokovic, número dois ATP, na final do Australian Open. O sérvio de 32 anos ganhou todas as sete finais que disputou em Melbourne Park — quatro (!) diante de Andy Murray (2011, 2013, 2015 e 2016), duas frente a Rafael Nadal (2012 e 2019) e uma, a primeira, face a Jo-Wilfried Tsonga (2008). O sérvio também nunca perdeu qualquer meia-final (8-0) na Austrália, o que quer dizer que sempre que chegou ao top 4… saiu do primeiro Grand Slam do calendário de taça na mão.

Thiem, à procura do seu primeiro título de Grand Slam depois de perder duas finais em Roland Garros para o rei da prova, Rafael Nadal, tem agora nova tarefa hercúlea diante do senhor que tem mandado neste Major e que parece totalmente confortável com as condições de jogo, tal como comprova o único set que perdeu (na primeira ronda) contra os cinco que Thiem já deixou escapar, ainda que perante oposição bem mais complicada. Djokovic enfrentou apenas um top 10 (Roger Federer, longe de cem por cento) e Thiem bateu três de forma consecutiva: Gael Monfils (10.º), Rafael Nadal (1.º) e Alexander Zverev (7.º).

Nicolas Massu, chileno que treina o austríaco, acredita que Thiem pode vencer a final sendo fiel ao seu jogo, mas nós lançámos os cinco pontos que consideramos serem fundamentais para que o encontro possa ser competitivo e para que Thiem possa, finalmente, mostrar num grande palco como o seu ténis está maduro e pronto para uma grande conquista…

AS CINCO CHAVES PARA THIEM

1 — Ganhar o primeiro set (ou na pior das hipóteses o segundo). Parece um cliché, é verdade, mas para o austríaco será fundamental conseguiu ‘roubar’ a primeira partida ao campeoníssimo. Não só porque do ponto de vista físico (passou muito mais horas em court nas seis rondas anteriores e tem um dia de descanso a menos) e mental (os Big Three são difíceis de superar em finais de Grand Slam, ainda mais em vantagem), mas também porque em termos estatísticos a importância deste dado está provada. Nos 10 encontros anteriores entre Thiem e Djokovic, quem ganhou o primeiro set triunfou em sete deles. À melhor de cinco sets (três duelos), o vencedor do primeiro set… ganhou sempre. Se não conseguir ganhar o primeiro, será fundamental para Thiem tentar ganhar o segundo, uma vez que Djokovic só perdeu por uma vez na vida depois de ganhar os dois primeiros sets. E já foi há 11 anos!

2 — A utilização (eficaz) da esquerda ao longo. É uma das pancadas mais importantes para derrotar Novak Djokovic, especialmente em piso rápido. A esquerda paralela, tantas vezes fundamental também para o próprio tenista de Belgrado, foi fundamental não apenas nos últimos dois encontros entre Thiem e Djokovic, que o austríaco ganhou, mas também nas vitórias do austríaco diante de Gael Monfils, Alexander Zverev e Rafa Nadal já neste torneio. Batida a uma mão, é uma pancada de elevado risco, mas que Thiem se tem sentido confortável a executar em Melbourne Park nesta quinzena.

3 — Variar o serviço. É sabido que Novak Djokovic é porventura o melhor ‘returner’ da história do ténis e para derrotá-lo é obrigatório não apenas servir bem, como servir inteligente. Será importante para Dominic Thiem variar ângulos, efeitos e colocação tanto no primeiro como no segundo serviço para não dar qualquer tipo de ritmo à resposta do campeão em título. Nos últimos duelos com o sérvio, ele fê-lo bem…

4 — Evitar bloquear respostas. É um dos erros muito comuns dos tenistas face ao cada vez melhor serviço de Novak Djokovic. Respondê-lo bloqueando-o é habitualmente uma má solução, tendo em conta que o sérvio raramente perde um ponto em que começa no controlo. Essa tem sido uma das chaves para que ele praticamente ainda não tenha perdido o seu saque na prova. Thiem tem de encontrar tempo e ter a capacidade de ser agressivo desde a resposta, ainda que isso possa significar falhar algumas…

5 — Não dar ritmo e variar a direção da bola na linha de fundo. Thiem adora ritmo e pode ultrapassar Novak Djokovic em potência de forma pontual, mas será complicado fazê-lo sempre da mesma forma e com as mesmas trajetórias. Será importante variar, abrir ângulos, utilizar o slice, subir à rede. Tal como fez nas suas duas vitórias recentes diante do sérvio, em Paris e Londres.

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O CONFRONTO DIRETO:

Total: Djokovic-Thiem, 6-4

Em piso rápido: Djokovic-Thiem, 3-1

Em Grand Slams: Djokovic-Thiem, 1-2

Nos últimos 5: Djokovic-Thiem 1-4

Em 2019:  Djokovic-Thiem, 1-2

h2h

Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 16 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: jose_guerra_morgado@hotmail.com