Federer: «Três dos meus quatro filhos choraram quando lhes disse que ia parar»

Por José Morgado - Setembro 20, 2022
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Roger Federer abriu esta terça-feira o livro numa conversa com a imprensa suíça em Londres, onde dentro de dias terminará a sua carreira, na Laver Cup. O helvético de 41 anos confessou que o processo de tomada de decisão não foi fácil e falou do impacto que a retirada teve na sua família, incluindo… nos filhos.

DIFÍCIL ANUNCIAR A RETIRADA

“Adiei muito a comunicação às pessoas. Não foi fácil e o Tony Godsick estava a ficar irritado. Escrever aquela carta de despedida foi muito complicado para mim, para os meus pais e para a Mirka. No final foi um grande alívio.”

QUANDO TOMOU A DECISÃO

“Dias depois de Wimbledon, em julho, ao perceber que o meu joelho não melhorava. Questionei-me ‘para que raio hei-de continuar a tentar?’. A minha carreira estava no limbo há algum tempo e esta é a única decisão certa”.

SURPREENDIDO COM O SEU NÍVEL NOS TREINOS

“Não esperava estar a bater tão bem na bola, estou surpreendido. Mas a ideia foi sempre jogar apenas pares, por isso é que não consigo jogar em Basileia. O ideal seria fazê-lo ao lado do Rafael Nadal, na sexta-feira.”

COMO ESTÁ O JOELHO?

“Espero que bem o suficiente para jogar pares. Comecei a cortar nas horas de treino a partir de julho, mas quis manter-me sempre em forma, pois queria aparecer a um nível decente na Laver Cup.”

PENOSO REGRESSO EM 2021

“Foi muito duro, nunca me senti bem e tive sempre muitas dores. Chegar aos quartos-de-final de Wimbledon foi surreal para mim. Aquele último set que joguei contra o Hurkacz foi dos piores da minha vida. Nada funcionada, não sabia o que fazer com o joelho”.

ONDE PODEREMOS VOLTAR A VÊ-LO EM COURT?

“Quero jogar algumas exibições pois sei que ainda posso encher estádios. Não precisam de ser mais de 50 mil, como na Cidade do Cabo (em 2020, com Nadal), mas ainda posso fazer algo parecido”.

ANOS DIFÍCEIS PARA MIRKA

“Foi horrível para ela, porque deixou de gostar de me ver em court, por causa do joelho. Tenho pena do que ela passou. Agora é altura de me dedicar mais a ela”.

E AS CRIANÇAS?

“Foi difícil para elas. Três dos meus quatro filhos choraram quando lhes disse que ia abandonar. Perguntaram-me se nunca mais iríamos a Halle, Wimbledon, Indian Wells. Eu disse-lhes que podíamos continuar a ir se eles quisessem.

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Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 16 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: jose_guerra_morgado@hotmail.com