Cabral: «Sinto que não mereço ir aos Jogos Olímpicos, mas quero muito lá estar»
PARIS. FRANÇA. Francisco Cabral, melhor tenista português na variante de pares, saiu de cena esta sexta-feira na primeira ronda de Roland Garros ao lado do colombiano Nicolas Barrientos, confirmando uma época que não tem sido nada fácil para portuense de 27 anos. Cabral passou pela sala de imprensa em Paris e admitiu que não tem vivido tempos fáceis.
ANÁLISE AO ENCONTRO E AO MOMENTO
Os pares por vezes são ingratos. Poucos pontos mudam o desenrolar do encontro e hoje no início do tie-break falhei duas bolas muito fáceis de direita que mudaram o rumo. Estava a ser muito equilibrado, renhido e aqueles erros acabaram por decidir. São erros que vêm talvez da falta de vitórias que tenho tido. Mas o ténis é assim. Terei mais chances nas próximas semanas. No ténis nem tudo são rosas. Não estou na minha melhor fase, mas vou continuar a trabalhar mas acredito que estou a trabalhar melhor agora do que quando estava com melhor ranking. Tenho de continuar e esperar por um clique numa semana. No ténis, uma semana muda um ano.
MUITOS DIAS DE ESPERA ATÉ FINALMENTE JOGAR
Não é um facto nem bom nem mau. Toda a gente sabia da meteorologia. Todos os jogadores estavam na mesma posição. Acaba por ser normal. Houve um dia que tivemos na ordem de jogos e não jogámos, mas foi tudo igual para todos. Não mudou.
PARCERIA COM BARRIENTOS
Gosto muito do Nico. Boa pessoa e bom jogador. Podemos jogar bem juntos mas hoje não o fizemos. É um jogador com muita intensidade, que quer ganhar tanto como eu. Gosta de trabalhar. E temos de continuar a melhorar porque há mais desafios pela frente. Eu estava sem parceiro e o Barrientos também porque o Matos decidiu jogar com o Melo por causa dos Jogos Olímpicos. Ele convidou-me e era a minha melhor opção. Espero que seja para continuar. Gostamos muito um do outro e para já estamos inscritos em ‘s-Hertogenbosch. Não está fora de hipótese competir na próxima semana também. O plano será jogar a relva toda juntos.
JOGOS OLÍMPICOS SÃO OBJETIVO?
Para ser sincero já pensei mais nos Jogos Olímpicos. Foi algo que me prejudicou no início do ano pois sabia que era uma realidade próxima para alguém que há dois anos estava nos singulares a 850, 900, 1000 do Mundo. Desenrolou-se tudo muito rápido e é um sonho para qualquer atleta. Mas não lidei bem com a possibilidade de poder estar aqui, ainda por cima num clube como este. Sei que estou perto de poder entrar. Neste momento estou fora, mas depende de quem joga ou não joga à frente. Estou na “calha”. O meu ano não tem sido bom e não mereço ganhar essa vaga, mas claro que irei se acontecer.
ORGULHO DE REPRESENTAR PORTUGAL
Assemelha-se à Taça Davis, a maior competição de equipas. Mas serão sensações diferentes. A cerimónia de abertura… só ver na televisão arrepia. Isso prendeu-me um pouco no início do ano porque quero muito lá estar. Mas agora já não há nada a fazer. Só esperar.
AMBIENTE DIFERENTE EM ROLAND GARROS
O público está mais barulhento. Mais ao estilo do futebol e não do ténis. Mas há a linha do respeito. Enquanto não se passa a linha podem fazer o que quiserem. A partir daí… já é demais. Enquanto houver respeito, barulho, gritar, saltar é bom para o ténis e só atrai mais fãs. Não considero que o barulho seja mau. Quanto mais fãs melhor, mas não se deve faltar ao respeito. Cada torneio tem as suas caraterísticas.
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