ATP anuncia grandes mudanças para os rankings no regresso do ténis

Por José Morgado - Julho 6, 2020
djokovic-nadal

O ATP Tour anunciou esta segunda-feira os seus planos para o ranking mundial no regresso da modalidade, apresentando alterações que, ainda que provisórias, prometem mudar toda a dinâmica da modalidade nos próximos meses. Em comunicado, o circuito masculino anunciou que as classificações mundiais passarão a contabilizar 22 meses em vez dos habituais 12, para proteger os tenistas que não tenham competido até agora e que não possam nem queiram jogar em 2020 por causa do novo coronavírus.

PRINCIPAIS NOVIDADES

— Até ao final de 2020, o ranking passa a contabilizar 22 meses, entre março de 2019 e dezembro de 2020;

— Nenhum tenista perde pontos até ao final de 2020;

— Os rankings vão contabilizar os 18 melhores resultados dos jogadores durante esses 22 meses, mas nenhum torneio poderá ser utilizado mais do que uma vez;

— Ou seja, Rafael Nadal não vai perder um único ponto se não defender os seus títulos em Roland Garros e no US Open porque poderá sempre utilizar os pontos ganhos nesses torneios em 2019. O mesmo se aplica aos torneios de Cincinnati, Roma ou Madrid, por exemplo. Quem jogou em 2019 e voltar a jogar em 2020, guarda no seu ranking somente o melhor resultado;

— Os pontos ganhos entre março de 2019 e dezembro de 2020 serão apenas descontados em 2021, na data em que o torneio onde esses pontos foram ganhos se disputar originalmente. Por exemplo, quem somar pontos na edição de 2020 de Roland Garros, disputada em outubro, vai descontá-los em junho do ano seguinte;

BOM PARA O BIG THREE

Este sistema adoptado pelo circuito ATP serve, em teoria, todos os jogadores, uma vez que ninguém vai perder pontos até ao final deste ano, mas é útil em particular para os três melhores jogadores do Mundo, que não perderão pontos tem terão grande pressão para defendê-los até ao início da próxima época.

RAFAEL NADAL, que defende títulos no US Open e Roland Garros, não vai perder um único ponto em 2020 referente a esses torneios independentemente daquilo que aconteça por lá. Este sistema assegura que Nadal conseguirá manter esses pontos até à data em que os torneios forem jogados em 2021, o que lhe dará uma maior tranquilidade para decidir o que fazer com o seu calendário quando o ténis voltar.

NOVAK DJOKOVIC dificilmente perderá a sua liderança do ranking até ao final de 2020 e deverá aproximar-se do recorde de semanas de Roger Federer como líder ATP. É certo que Nadal não perder quaisquer pontos do US Open, Roland Garros ou Roma, mas também não poderá ganhar qualquer um nesses eventos, pois cada tenista só pode contabilizar cada torneio uma vez.

ROGER FEDERER é talvez, de todos, o que sai mais beneficiado. Num Mundo sem pandemia e caso Federer tivesse mantido a sua intenção de ser operado uma segunda vez e falhar o que falta de 2020, os suíço ficaria muito perto de sair do top 100, uma vez que só jogou um torneio, o Australian Open, em 2020. Assim, o helvético mantém todos os seus pontos principais de 2019 — Indian Wells, Wimbledon, Miami, Roland Garros, Halle e Basileia, por exemplo, e terá uma nova oportunidade para defendê-los em 2021. Deverá manter-se no top 8 ATP.

Atenção a DOMINIC THIEM. O austríaco tem agora uma boa chance de lutar pelo número 1 do Mundo até ao final da época, uma vez que tem garantida a manutenção dos seus pontos em terra batida (não vai perder nenhuns) e pode adicionar uma quantia importante em Cincinnati e US Open, provas em que não tem absolutamente nada a defender, ao contrário dos seus rivais.

DESISTÊNCIAS ESPERADAS

Com este novo sistema de ranking, espera-se que muitos torneios tenham elencos despojados das principais estrelas. Os torneios de Grand Slam e os Masters 1000 deixam de ser ‘mandatory’ no que falta de 2020 e os jogadores sabem que mesmo que não os joguem vão manter os pontos que tinham alcançado nessas provas em 2019. Isso pode fazer com que os jogadores façam uma gestão do seu calendário mais inteligente, evitando jogar determinadas provas em que estão impossibilitados de somar uma grande quantia de pontos…

Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 13 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: josemorgado@bolamarela.pt