Angelique Kerber também vai ter o balneário todo do seu lado?

Por admin - Janeiro 29, 2016

Já dizia Gilles Simon que a atual forma de Novak Djokovic em court acaba por se tornar humilhante para os restantes jogadores do circuito, dada a diferença de nível dos dois lados do court, e os resultados que o sérvio conseguia. Por essa mesma razão, Simon disse – ou esperava ele – que todos os seus colegas estivessem no balneário a torcer pela sua vitória. E não esteve muito longe de a conseguir.

Passando para o circuito feminino, o mesmo se pode dizer de Serena Williams. A norte-americana não só tem ganho praticamente todos os torneios por onde tem passado com tem também esmagado as suas adversárias. Quer estejam elas fora do top-100 ou dentro do top-10. Mas uma final do Grand Slam é sempre diferente. Não importante como uma jogador lá chega ou a pessoa que vai estar diante de si. No court, as probabilidades são 50% para cada lado e, no final, que ganhe a melhor.

É justo afirmar que Angelique Kerber e Serena Williams foram mesmo as melhores deste Open da Austrália. A jogadora norte-americana sentiu algumas dificuldades na primeira ronda, graças a um longo período fora da competição, mas depressa encontrou a sua habitual forma e voltou a colocar toda a pressão nas suas adversárias.

Já Angelique Kerber foi oscilando com boas e não tão boas prestação na primeira semana mas demonstrou porque é que é uma top-10, mostrando o seu melhor ténis diante das melhores do mundo.

Confronto direto: One Hit Wonder para Kerber

Não há muito a dizer que ao confronto entre a primeira e a sétima pré-designada do Open da Austrália diz respeito. Kerber e Williams mediram forças por seis vezes desde 2007, com estreia naquele foi o se único encontro em torneios do Grand Slam até ao momento (US Open), e a número um mundial venceu em dois sets em cinco dessas ocasiões.
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A única vitória da jogadora germânica aconteceu em 2012 nos quartos-de-final do Premier de Cincinnati, em que Serena Williams apareceu visivelmente cansada, dado que não perdia qualquer encontro desde a primeira ronda de Roland Garros e tinha ganho os Jogos Olímpicos há dez dias. Não obstante, Kerber disputou um grande encontro e só foi mesmo travada no evento por Li Na, na final.

Percurso até à final: Williams mais autoritária

Este é um capítulo onde as estatísticas pouco importam, especialmente quando falamos do circuito feminino. Apesar de ter tido pela frente nomes como Maria Sharapova ou Agniezska Radwanska, o grande desafio de Serena Williams foi mesmo diante de… Camila Giorgi, logo na primeira ronda.

Adversárias de ambas as jogadoras

Adversárias de ambas as jogadoras

A jogadora de 34 anos tinha anunciado um afastamento dos courts logo após o Open dos Estados Unidos, onde não conseguiu completar o tão desejado Grand Slam, e portanto demorou um pouco mais a adaptar-se ao ritmo competitivo, disputando mesmo o seu set mais equilibrado de todo o torneio (7-5 na segunda partida). A partir da ronda seguinte, Serena não tirou mais o pé do acelerador e venceu oito de dez sets pelos desequilibrados parciais de 6-2, 6-1 ou 6-0.

Por sua vez, Angelique Kerber livrou-se de medir forças com qualquer jogadora do top-15 e encontrou apenas Victoria Azarenka como representante do top-20 – embora seja certo e sabido que é apenas uma questão de tempo até a bielorrussa regressar às posições cimeiras da classificação, tendo em conta o seu nível atual.

Kerber elevou especialmente a sua prestação dentro do court nas duas últimas rondas, ou seja, o seu nível foi aumentando gradualmente ao longo do torneio.

Maratonista vs Sprinter

Importa realçar que Angelique Kerber disputou mais um set do que Serena Williams, logo na primeira ronda. Mas mesmo assim, a diferença de tempo total em court por parte de ambas as jogadoras é bastante discrepante, e ainda mais incrível de tivermos em conta que Serena teve pela frente duas das dez melhores jogadoras do mundo e o encontro mais complicado foi, como já vimos, na ronda inaugural.

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Kerber correu mais do dobro de Serena

Contudo, o dado estatístico mais relevante é mesmo a distância percorrida por Angie e Serena: a alemã percorreu mais do dobro da distância. Na distância média percorrida em cada set, Kerber teve mesmo de correr mais 232% quando comparados os seus dados com os de Serena, que tem muito mais prepotência para correr para a frente e terminar os pontos na rede do que para os lados e levar a cabo longas trocas de bola.

Ambas as jogadoras têm como uma das suas principais vantagens a forma física e a resistência, mas Kerber poderá aproveitar este dado a seu favor a fazer mover Serena Williams no court, algo a que a norte-americana não se habituou nestas duas semanas – em parte graças a um serviço que faz metade do trabalho. Claro, tudo isto é muito mais fácil dito do que feito.

Estatísticas: a vantagem de uma é o problema de outra

Com os dado em cima é fácil concluir que Serena Williams não correu tanto não porque é preguiçosa ou todas lhe jogavam bolas para os pés, mas porque simplesmente não precisou. A grande arma da campeoníssima e uma das grande razões para a sua longevidade é precisamente o serviço, pancada essa que muitas das jogadoras só conhecem verdadeiramente quando têm de o devolver.

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Mais ases e menos duplas-faltas de Serena

Não só Serena Williams tem um serviço bem mais rápido (repare-se como a velocidade média do segundo serviço da americana é superior à do primeiro serviço de Kerber) e bem mais eficaz (tanto o primeiro como o segundo), como tem uma intenção bem mais vincada para partir para o winner no serviço da adversária do que Angelique Kerber – e mais de 50% desses tentos resultaram num winner.

Estes são dados que em nada agradam a número seis da hierarquia e que constituem até uma série ameaça, já que Kerber tem bastantes dificuldades em comandar os pontos a partir do seu saque. E quando do outro lado está Serena Williams, a pressão de servir bem, e de servir bem à primeira, é tremendamente maior. E correndo um maior risco, podem também vir mais duplas-faltas.

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Serena Williams lidera as subidas à rede

No que toca ao número de winners e erros diretos, não há muito a dizer. A campeã de 21 Grand Slams de singulares tem pontaria mais certeira, sobe bastantes mais vezes à rede e é mais dominadora nos seus jogos de serviço.

E a campeã é…

Todas as estatísticas, desde o confronto direto, até aos dados relativos ao serviço e ao jogo de fundo do court, apontam para que Serena Williams iguale finalmente o recorde de 22 Grand Slams de Steffi Graf e fique mais perto do de Margaret Court, que lidera a lista de totalistas, com 24 títulos.

Mas é sempre importante dizer isto quando se fala tanto de números: as estatísticas valem o que valem, e cada dia é um dia. Angelique Kerber jogou um ténis imperial frente a Victoria Azarenka, naquele que foi o seu verdadeiro teste no Happy Slam, e é sabido que a germânica tende a mostrar-se mais quando defrontar jogadoras de topo. Não sabemos por quem é que o balneário via estar a torcer, mas nós esperemos apenas que seja memorável.

Ready? Play.