Thiem e a sua última dança: «Tomar a decisão de acabar a carreira foi um alívio»

Por Pedro Gonçalo Pinto - Agosto 26, 2024
thiem roland garros 24
Julian Crosnier/FFT

Dominic Thiem está a viver a última dança no ténis profissional esta temporada. O austríaco vai terminar a carreira, pelo que esta participação no US Open será a sua última. O antigo campeão do Grand Slam nova-iorquino irá medir forças com Ben Shelton e mostra-se entusiasmado, sendo que deu uma longa entrevista na qual passou por todos os temas, considerando que é um alívio fechar o seu percurso.

INTENSIDADE PASSOU FATURA

Passei todos os anos da minha carreira a competir contra os melhores da história e a pressão que pus em mim para chegar a esse nível e mantê-lo contribuiu para a lesão, não tenho dúvidas. Treinei com uma intensidade altíssima durante muitos anos e os médicos dizem que rasguei o pulso pelos treinos que fiz, todas as pancadas que executei e quão duros eram os treinos que tive durante muitos anos. Sempre me esforcei ao máximo para estar entre os melhores do Mundo.

Leia também:

 

PRESSÃO DEPOIS DE GANHAR O US OPEN

Imediatamente depois de ganhar o US Open, percebi que ia ser muito complicado continuar com o mesmo nível que já não me ia pressionar da mesma maneira. Precisava do stress, da autoexigência máxima, para mostrar o meu melhor ténis. Perdi por completo essa sensação de urgência por ganhar e melhorar a cada dia, senti um vazio absoluto cada vez que entrava num court. 

COMPETIR DEPOIS DA LESÃO

Nos meses antes de rasgar o pulso estava a recuperar a ambição e começava a treinar de novo a 100%. Foi uma desgraça ter essa lesão porque a partir desse momento nada foi igual. Dizia a mim mesmo que talvez houvesse um encontro ou um torneio que mudasse a dinâmica, mas nunca me senti satisfeito com a maneira como podia jogar. Os bons resultados só chegavam pelo espírito de luta. O meu pulso não me permitiu jogar com a potência de antes, então tomar a decisão de acabar a carreira foi um alívio.

PLANOS DE FUTURO

Gostava de desfrutar do ténis sem nenhuma preocupação, simplesmente divertir-me com este desporto que é tão bonito. Talvez daqui a um tempo queira ser comentador ou treinador. A curto prazo, gostaria de construir uma família com a minha namorada e o meu sonho é criar um clube de futebol totalmente sustentável.

O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt