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Afonso Viana, o miúdo que jogou como gente grande no Porto Open 2015
“Foi no Estoril Open que vi ténis pela primeira vez ao vivo e fui lá de propósito para ver o [Roger] Federer, era o meu ídolo”, relembra, a certa altura, Afonso Viana, com o entusiasmo próprio de quem continua a ter no suíço de 34 anos o mais admirável dos mestres, cujos ensinamentos sorve exaustivamente pelo Youtube, como forma de se preparar para os encontros.
Desde essa visita ao Jamor, em 2008, o adolescente portuense sagrou-se vice-campeão nacional de sub-12, campeão de pares masculinos e pares mistos sub-12 e sub-14 e venceu dois torneios sub-18 (no último ano). Mais: há uma semana, alcançou a terceira ronda do qualifying do Porto Open, naquela que foi sua estreia em provas Future.
Disputado, precisamente, no Clube de Ténis do Porto, o lugar que viu nascer e crescer a sua paixão pelas raquetes e onde o encontrámos, neste sábado, com um olho no telemóvel e outro no relógio, à espera que os ponteiros lhe dessem ordens para entrar em court e disputar a segunda ronda do Porto Open Junior (sub-18C). Da conversa descontraída e bem-disposta resultou, acima de tudo, uma certeza: são 15 anos mas podiam ser mais.
“Ok, vamos lá desfrutar do jogo”
Quando, na semana passada, o quadro da fase de qualificação do Future nacional lhe chegou às mãos e viu que teria o cabeça-de-série Miguel Deus [12.º] pela frente na ronda inaugural, o jovem jogador nortenho, convidado da organização, não fez mais do que desdramatizar o cenário. Resultado: protagonizou a maior surpresa da fase prévia do torneio.
“Nunca o tinha visto jogar nem nunca tinha jogado contra ele. Perguntei a uns jogadores do seu clube como é que ele era e, quando me disseram que jogava muito bem e ia ser duro, eu disse ‘ok, vamos lá desfrutar do jogo’. Preocupei-me em bater na bola, em dar o meu melhor e em não pensar no resultado. Não estava à espera de ganhar. Como tenho uma ligação bastante forte ao clube, e conheço bastantes pessoas, tive a sorte de os poder ter a apoiar-me”.
“Chamarem-me jovem promessa é uma grande responsabilidade”
Mas se a pressão fica agora fora das linhas, a verdade é que nem sempre foi assim para Afonso, filho de ex-treinador de ténis, que pegou pela primeira vez numa raquete aos quatro anos e começou a competir aos seis.
“Antes, era muito difícil para mim, porque ia para os encontros com muita pressão, com medo de levar uma ‘coça’, mas agora vou para o court para me divertir e aproveitar”. Uma estratégia que tem dado frutos e lhe tem valido rasgados, mas pesados elogios. “Chamam-me jovem promessa e é uma grande responsabilidade, porque as pessoas estão a pensar que vou ser bom no futuro. Vou tentar não desiludi-las”.
“Quero acabar o 12.º ano e depois dedicar-me ao ténis”
Recém-chegado ao 10.º ano, o jogador do Porto está ainda a tentar adaptar-se a uma nova realidade assente na dinâmica treino-aulas-treino, mas, para já, não restam muitas dúvidas sobre o que fazer quando o secundário ficar para trás.
“Tenho treinos bi-diários três dias por semana e treinos à tarde noutros três dias. É um pouco difícil conciliar os estudos com o ténis mas depois também tenho pessoas que me ajudam, tenho explicações de matemática. Quero acabar o 12.º e depois dedicar-me ao ténis. Não pensei muito sobre para onde gostava de ir treinar, mas talvez Espanha ou França”.
Wimbledon no topo das preferências
Admite, sem reservas, que não gosta de ver ténis feminino – “é um tipo de jogo muito recto“ – mas o brilho nos olhos e o sorriso enquanto fala do ténis masculino, mais do que as palavras, denunciam as muitas horas que dedica ao circuito ATP. Não só porque o seu ídolo, o tal que tem 17 títulos do Grand Slam no seu palmarés, ainda por lá vai conquistando muitas e boas vitórias, mas porque os Majors são imperdíveis, principalmente quando se trata de finais.
“É onde eles dão sempre tudo em campo e é sempre uma grande disputa. Se tivesse de escolher um Grand Slam para vencer seria Wimbledon, porque foi sempre o que gostei mais de ver na televisão, porque é diferente. A minha superfície preferida é a terra, sempre foi onde treinei, mas gostava que fosse Wimbledon, é o torneio mais chique”.
Vencer um Grand Slam ou ser número um mundial?
“Essa é difícil”, protestou Afonso. Mas o sorriso, o ar pensativo e a mão no cabelo por baixo do boné anunciavam que a reposta não só estaria para breve como chegaria livre de hesitações. “Ser número um mundial, porque é mesmo o topo, é sentir que mais ninguém está à nossa frente, e, porque para ser número um mundial, se calhar, tinha de ganhar alguns torneios desses”, rematou o jovem adolescente que reclamou para si as atenções na 16.ª edição do segundo maior torneio nacional.
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Para já, os pés de Afonso Viana vão estando bem assentes na terra. Literalmente. Depois de atingir a terceira ronda do qualifying do Porto Open, o adolescente centrou as suas atenções no Porto Open Junior, prova que será concluída esta semana e onde atingiu já as meias-finais, depois de duas rondas ultrapassadas sem ceder qualquer jogo.
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