Ugo Humbert em entrevista [parte II]: «Sonho defrontar Federer em Wimbledon»

Por Pedro Gonçalo Pinto - Abril 28, 2021
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Antes de entrar em ação no Millennium Estoril Open, Ugo Humbert aceitou o convite do Bola Amarela e teve uma conversa muito abrangente, em que fizemos uma autêntica viagem na carreira do francês. Agora com 22 anos, Humbert lembra os tempos difíceis no arranque do seu percurso, mas também partilha sonhos e tudo o que lhe passou pela cabeça no épico duelo com Nick Kyrgios no Australian Open. Leia aqui a parte um da entrevista.

BA – Quando eras adolescente tiveste lesões graves e estiveste muito tempo sem jogar. Isso faz com que ainda aprecies mais o que já alcançaste?

UH – Claro que foi um momento difícil. Ainda por cima estava a crescer rapidamente e era incapaz de jogar ténis e fazer a parte física ao mesmo tempo. Tinha dores em todo o corpo, nos braços, nas costas, nos joelhos, nos tornozelos. Foi um período mesmo difícil e depois também me lesionei durante 6 ou 7 meses quando era júnior. Agora estou feliz por estar onde estou e de ter pouca lesões. Tenho trabalhado muito mais o físico e acho que é muito importante ter cuidado connosco próprios, com a nossa saúde. É a base de qualquer desportista. Estou mesmo contente por estar onde estou agora.

BA – És o segundo melhor francês do ranking e o único com menos de 30 anos no top 100 além de Moutet. Sentes-te a cara do ténis francês?

UH – Sou o segundo melhor francês no ranking, é verdade. Penso que as pessoas colocam mais esperanças em mim, mas não é algo que me preocupe. Tenho é de me concentrar no que tenho de fazer e isso já é muito. Já tenho demasiada pressão nesta modalidade. Acho que pensar nisso não é uma boa opção. Tenho é de me fixar na evolução que posso ter. Mas estou feliz por ver que as pessoas dizem que sou o futuro do ténis francês. Quer dizer que estou no bom caminho.

BA – Que objetivos tens para esta temporada?

UH – O meu primeiro objetivo é evoluir o meu jogo, ser mais agressivo, tentar atacar a bola um pouco mais cedo. Quero ser bom em todas as zonas do court, estar bem fisicamente. Mas também tenho como principal objetivo tentar ganhar um grande torneio este ano. Acho que estou a jogar bem desde o início da temporada e estou confiante para o que aí vem. Jogo cada vez melhor e sei que numa boa semana posso fazer bons resultados. Mas tenho de ser mais constante porque é isso que faz a diferença quando começamos a chegar perto do top 10.

BA – Há cada vez mais jovens a conseguirem bons resultados. O circuito está a mudar?

UH – É verdade que há cada vez mais jovens, como Medvedev, Zverev. Aliás, já há algum tempo que eles estão no topo. Rublev também. Há uma certa mudança, mas quando se olha para a classificação estão lá sempre Djokovic e Nadal no topo. São muitas vezes eles a ganhar os Grand Slams e quer dizer que ainda estão cá, mesmo com a nova geração. Os jovens estão a chegar, mas continuam a ser eles a ganhar os maiores torneios. Daqui a alguns anos, os jovens vão ficar com o lugar deles.

BA – Temos de falar daquele encontro magnífico com Nick Kyrgios no Australian Open. Perdeste, mas imagino que seja algo memorável para ti…

UH – Foi realmente um grande encontro, desde logo porque havia um ambiente incrível, uma atmosfera eletrizante. Foi incrível poder jogar perante tanta gente, especialmente com o que se passa neste momento. Foi um bom encontro e jogámos muito bem. Até tive dois match points, mas fiz tudo o que devia fazer. Não tenho arrependimentos. Ele jogou muito bem e foi mesmo por detalhes que perdi. Foi um encontro muito duro e é complicado levantarmo-nos de um jogo assim. Ainda por cima, depois teria de defrontar o Thiem, que seria mais um jogo muito complicado. Mas jogámos os dois muito bem e o ambiente foi incrível. Foi uma das derrotas mais complicadas que já tive, mas certamente um jogo que me deu muitas e muitas emoções. Tudo o que aconteceu, a reviravolta, os adeptos, que estavam completamente com o Nick. Foi mesmo um momento incrível. Será certamente uma das melhores memórias apesar da derrota.

BA – Qual é o teu encontro de sonho? Podes escolher adversário, torneio, court…

UH – O meu sonho é defrontar Federer. Por isso, pode ser defrontar Federer, em Wimbledon, no Court Central!

O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt