Tsonga e o racismo: «Era o único filho de imigrantes na minha escola. Agora imaginem o resto»

Por José Morgado - Junho 2, 2020
tsonga

Os Estados Unidos vivem um período de dramática tensão social por questões raciais e, em pleno século 21, continua a haver questões elementares que ainda não parecem resolvidas num dos países mais importantes do Mundo. Muitos desportistas têm feito ouvir a sua voz e, ainda que o ténis não seja uma das mais representativas nesse aspeto, nomes como Serena Williams, Naomi Osaka, Coco Gauff e Frances Tiafoe chegaram-se à frente para condenar aquilo que se está a passar um pouco por todo o país.

Jo-Wilfried Tsonga, de 35 anos, foi um dos últimos a falar sobre o assunto, lembrando os tempos em que também sentiu na pele o facto de ser um negro filho de imigrantes em França. “No início começou com pequenas alcunhas, insultos ligeiros. Depois lembro-me de ser vítima de constantes e abusivas verificações de identidade, bem diferentes daquilo que acontecia com os meus colegas e amigos. Em muitos locais, os meus amigos podiam entrar e eu não.”

“No início da minha carreira, lembro-me de me anunciarem como filho de um congolês. Eu não entendia a importância desse pormenor. Já tínhamos tido Yannick Noah, o franco-camaronês, mas curiosamente nunca tivemos o Cédric Pioline, o franco-romeno. Eu era o único filho de um imigrante na minha turma, na minha escola. Agora imaginem o resto da história”, disparou em declarações à FranceTV.

Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 13 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: josemorgado@bolamarela.pt