Toni Nadal: «Se não fosse seu tio, o Rafa já me tinha substituído»

Por admin - Fevereiro 13, 2016

Toni Nadal, o treinador de sempre do seu sobrinho Rafael, assegurou que, se não fosse tio do tenista, o vencedor de catorze torneios do Grand Slam provavelmente já o poderia ter “abandonado”.

“Tive a sorte de ser seu tio, pelo que lhe custou mais mudar de treinador. Isso tornou-se mais fácil para mim, pois se não fosse seu tio provavelmente ele já me teria substituído”.

O treinador de “Rafa” desde os seus três anos de idade esteve em reflexão sobre a carreira do seu sobrinho e dos valores do desporto numa conversa aberta, durante cerca de 15 minutos, às centenas de pessoas presentes no Buenos Aires Lawn Tennis no final da tarde de sexta-feira.

“Eu não descobri o Rafael, ele é que se descobriu a si mesmo. No caso do ténis, é o jogador que faz o treinador evoluir e não o contrário”.

Entre outros temas, Toni Nadal recordou que o seu sobrinho “sempre gostou muito mais de futebol que de ténis” e confessou um traço do jogo de Roger Federer que gostaria que o recordista de vitórias em Roland Garros tivesse.

“Sempre me fascinou a maneira como apanha a bola cedo, que é o que temos praticado desde a infância do Rafa. Ainda me recordo de um encontro do Rafael contra o [Guillermo] Coria em Montecarlo, quando tinha 16 anos. Até então, o Rafael era um jogador que costumava bater na bola com antecedência, mas a partir do momento em que começámos a competir no circuito profissional ele começou a bater um pouco mais tarde e começou a puxar a mão para cima da cabeça. Evidentemente, prefiro que façam a pancada como o Federer, não como o Rafa”.

Após arrancar alguns sorrisos da plateia com este comentário, Toni fez questão de considerar que tão ou mais importante que saber bater uma direita é o caráter que forja cada tenista.

“Tal como bater numa bola, a vontade também se ensina. Acredito que, na vida, o principal é o domínio da força de vontade (…) tenho sido um treinador mais preocupado com a questão do caráter que com a técnica. Considero o caráter fundamental porque, no fundo, passar uma bola por cima da rede acaba por ser pouco importante no decurso da vida, mas dominar a força de vontade, o esforço, ter perseverança no que fazes, isso sim tem valor”.

Esta conversa na capital argentina torna-se curiosa tendo em conta as recentes declarações de John McEnroe quanto à possibilidade de o maiorquino trocar de treinador.