Tomeu Salvá, o melhor amigo de Nadal, desistiu de ser jogador por ter ‘inveja saudável’ de Rafa: «Foi muito duro»

Por José Morgado - Outubro 18, 2020

Bartomeu Salvá Vidal, mais conhecido apenas por ‘Tomeu’, é um dos melhores amigos de Rafael Nadal. Chegou a duas finais ATP de pares ao lado do ‘irmão’ e trabalha desde o primeiro dia na Academia de Manacor, mas chegou a sonhar em ter uma excelente carreira também enquanto jogador. Não aguentou a pressão e muito por culpa… das comparações ao agora campeão de 20 títulos de Grand Slam. Este domingo, falou com os jornalistas no Lisboa Belém Open depois de ter ajudado o seu pupilo Jaume Munar a chegar ao título no CIF.

“Cresci com ele, vivemos sempre muito próximos. Somos muito amigos, como irmãos. A nossa amizade ultrapassa o ténis. Chegámos a ser os números 1 e 2 de Espanha no nosso escalão, fomos duas vezes campeões do Mundo juvenis, crescemos juntos. Aos 14 anos eu fui para Barcelona e ele ficou em Maiorca, mas mesmo nessa altura jogávamos os mesmos torneios, mas depois ele num par de anos meteu-se a top 100 ATP e eu continuei nos Futures. Deixei de jogar aos 21 anos: não soube aguentar bem a pressão e a exigência. Cresci sempre ao lado do Rafa e depois percebi que a certa altura ele já ia muitos anos à minha frente. Foi muito duro para mim. Foi uma inveja saudável, mas que acabou por me fazer ser pouco paciente e desistir. Poderia ter sido um jogador interessante. O Rafa chegou a convidar-me para viajar com ele e jogarmos pares, mas não era isso que queria para a minha vida”, admite Salva, que ainda assim não se arrepende de ter optado por enveredar pela carreira de treinador tão jovem.

Tomeu está com Jaume Munar, campeão do Lisboa Belém Open, desde muito jovens e ambos esperam que a relação seja muito longa. O jovem técnico assume que as relações profissionais longas são uma questão cultural em Maiorca, mas pouco comum no ténis de hoje em dia. “Hoje em dia os jogadores jovens gostam muito de mudanças, mas não creio que o Jaume seja assim. Penso que um jogador tem de acreditar em quem o rodeia, na sua equipa técnica, nos bons e maus momentos.O Rafa pensa assim e nós pensamos todos de forma parecida. Mas só o tempo o dirá”.

Salvá Vidal espera que Nadal ainda jogue mais uns quantos anos mas elogia a nova geração. “O Rafa não vai durar para sempre. Espero que ele ainda jogue mais 3, 4 ou 5 anos, mas mais do que isso não jogará. Mas esta nova geração com o Jaume, o Davidovich, o Pedro Martínez, o Alcaraz, é muito boa. Trabalha-se muito bem em Espanha”.

Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 13 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: josemorgado@bolamarela.pt