This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.
Thomaz Bellucci em entrevista [parte II]: «Com pouquíssimo apoio estive quase 10 anos no top 100»
Thoma Bellucci carregou aos ombros o peso de ser o sucessor do mítico Guga Kuerten. Agora com 34 anos, o antigo número 21 do ranking mundial falou sobre isso de forma descomplexada na segunda parte desta entrevista ao Bola Amarela. Depois de abrir o coração sobre o que ainda espera alcançar, Bellucci fala com orgulho de tudo o que conseguiu e ainda aborda a atualidade do ténis mundial.
BOLA AMARELA – Já disse que quer voltar, mas olhando para o que já fez na carreira, fica orgulhoso ou sente que ainda podia ter feito mais?
THOMAZ BELLUCCI – Procuro não olhar para trás no que conquistei na minha carreira. Tento olhar para a frente, não sou muito saudosista de ficar a lembrar os momentos. Não é saudável. Conquistei muitas coisas, talvez podiam ter sido mais não fosse algumas lesões e alguns momentos em que mentalmente não estava preparado para certas situações. Destratando de ser brasileiro, de ter pouquíssimo apoio desde sempre, chegar a 21 do Mundo, conquistar quatro títulos, não acredito que tivesse muito mais para dar do que isso. Fiquei quase 10 anos seguidos no top 100. Sendo brasileiro é muito difícil. Vê o histórico dos jogadores do Brasil e pouquíssimos conseguiram fazer isso. É difícil mesmo. Costumo sempre olhar para a frente e tenho muito orgulho do que conquistei, mas vou continuar a jogar enquanto achar que posso conquistar mais e ser feliz dentro de court.
BA – As comparações com o Guga e esse peso sempre em cima dos ombros complicou a sua vida? São comparações bem difíceis de igualar por qualquer tenista no Mundo, não só no brasil…
TB – São comparações que sempre tive na minha carreira, principalmente no começo. Quando comecei a jogar melhor, o pessoal começou a ver-me como um promessa e pensavam que podia fazer o que o Guga fez. O que o Guga fez uma coisa do outro Mundo, ainda para mais sendo brasileiro. Se calhar é algo que nenhum jogador brasileiro na história vai conseguir igualar. Isso talvez tenha gerado uma expectativa maior do que o que precisava. Se tivesse vindo 10 ou 15 anos depois, a expectativa não seria tão alta para o meu lado. Eu era muito novo e talvez tenha-me prejudicado um pouco de certa maneira. Mas tenho de saber que a cobrança é natural e que quanto mais potencial há, mais as pessoas vão cobrar.
BA – Falando em objetivos, quais são os próximos a curto prazo? Qual era o cenário ideal?
TB – O próximo objetivo é voltar a competir, estar bem fisicamente e sem dor e voltar a competir a 100 por cento, sem limitação. Nos últimos anos não consegui competir como gostaria, tanto fisicamente como tecnicamente. Devia ter parado mais tempo para ajustar o que achava que era importante, mas o ténis é uma carreira muito curta. Ficamos apegados ao ranking ou outras coisas e não conseguimos ver as coisas de maneira clara. O meu objetivo no curto prazo é voltar a competir, estar bem fisicamente e feliz dentro de court.
BA – Vi que esteve em Portugal no Jamor. Veio cá para recuperar?
TB – O meu técnico mora em Lisboa, o André Podalka. Quando preciso de treinar vou para aí. Estava a treinar no Jamor e a tentar preparar-me para os torneios. Mas estava com essa lesão no joelho e não vou conseguir jogar nenhum torneio. Voltei para cá ver o meu médico, fazer exames e ver um tratamento alternativo para voltar a competir sem dor. Quando conseguir voltar a treinar a 100 por cento, provavelmente vou voltar aí para Lisboa, para o Jamor, para me preparar para os torneios que devem ser na Europa.
BA – Por fim, pergunto quem são os tenistas que o encantam hoje em dia? Quem tem um futuro mais brilhante?
TB – Na minha opinião, o tenista com mais potencial hoje em dia é o Alcaraz. É um garoto de 18 anos, com tanta maturidade dentro de court, nível absurdo de golpes. É um jogador que com certeza vai lutar pelo número um nos próximos anos. Não sei se vai chegar a substituir a hegemonia de Nadal, Federer e Djokovic, mas é um jogador que vai ficar muito tempo entre os bons jogadores se não tiver nenhuma lesão grave. Como o Del Potro teve. Se calhar podia ter lutado pelo número um se não tivesse tantas lesões. Era brilhante.
- Categorias:
- ATP World Tour
- Thomaz Bellucci