Taylor Fritz arrasa calendário e ATP após desistências de Sinner, Alcaraz e Djokovic de Toronto

Por José Morgado - Julho 22, 2025

Taylor Fritz não escondeu a frustração com a forma como o circuito ATP tem sido gerido, deixando duras críticas à sobrecarga de torneios e à ausência de diálogo entre os jogadores e os responsáveis do circuito. À chegada ao ATP 500 de Washington, onde parte como primeiro cabeça de série após alcançar as meias-finais em Wimbledon, o norte-americano de 26 anos abordou com clareza o desgaste acumulado e a falta de medidas concretas para proteger os atletas.

“É um tema complicado, um tema estranho se tivermos em conta os últimos anos. Provavelmente, quase todos os jogadores pedem há algum tempo que a temporada seja mais curta… e mesmo assim só fazemos o contrário: alargá-la, acrescentar mais torneios, mais etapas, até desenvolver torneios mais longos”, atirou Fritz, num claro recado à tendência de tornar os Masters 1000 em eventos de duas semanas.

O atual número 4 do ranking ATP foi ainda mais longe ao comentar o regresso da Hopman Cup neste verão, após Wimbledon, evento que passou despercebido até para os próprios jogadores. “Vi que a Hopman Cup se jogou este verão. Sinceramente, nem sabia que esse torneio se estava a disputar”, confessou. “É uma pena ver um torneio com tanta história regressar numa má data do calendário, sem capacidade para atrair os melhores jogadores. Tiveram nomes como Félix Auger-Aliassime ou Flavio Cobolli a competir depois de Wimbledon… é uma loucura. Simplesmente continuamos a acrescentar torneios ao calendário, um atrás do outro.”

As palavras de Fritz surgem num contexto de crescente desgaste entre os principais nomes do circuito. A carga competitiva tem levado muitos a desistirem de grandes eventos, sendo o Masters 1000 do Canadá o mais recente exemplo: Jannik Sinner, Carlos Alcaraz, Novak Djokovic e Jack Draper são algumas das ausências de peso em Toronto, vítimas da exigência de um calendário saturado e cada vez mais colado aos Grand Slams.

“Obviamente, acho que encurtámos algumas partes para tentar uma maior ligação entre os torneios, mas devíamos estar a trabalhar noutra direção”, apontou Fritz, que já disputou 14 torneios em apenas sete meses de temporada. “É curioso ver como conseguimos encurtar certos elementos, como o espaço entre torneios, mas depois não conseguimos encontrar espaço para encurtar o calendário no seu todo, para ter semanas livres. Gostava de ter mais uma ou duas semanas de pausa. Não percebo porque é que há tanto ténis… e ainda há imensos torneios por jogar.”

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As declarações de Fritz voltam a colocar em cima da mesa um tema sensível: a sustentabilidade física e mental dos jogadores num circuito que parece ignorar os seus próprios protagonistas.

Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 16 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: jose_guerra_morgado@hotmail.com