Sinner: «O trabalho duro supera sempre o talento»

Por José Morgado - Julho 16, 2025
Sinner

Jannik Sinner é o homem do momento. Depois de um mês duro, a digerir a dura derrota na final de Roland Garros frente a Carlos Alcaraz, o italiano respondeu da melhor forma: venceu Wimbledon e tornou-se o primeiro italiano da história a erguer o troféu dourado na relva sagrada. Não só se redimiu como mostrou que está no topo para ficar.

Em entrevista à CNBC, poucas horas depois da vitória, Sinner falou abertamente sobre o que o move: “Gosto muito da pressão. Acho que, se não a sentes, é porque não te importa o que estás a fazer.” Para ele, estar na mira dos adversários faz parte do privilégio de ser o número um do mundo: “Há muita pressão e, por vezes, até com um alvo nas costas.”

Mesmo com pouco tempo para celebrar, Sinner sabe que a pausa será curta. A época de piso rápido na América do Norte aproxima-se e há 2200 pontos a defender. “Agora todos os jogadores sabem como jogo e como me movo. Por isso tive de melhorar ainda mais nos treinos, e é aqui que a minha equipa é essencial. Estar sob pressão é um privilégio”, sublinhou.

Questionado sobre o melhor conselho que recebeu, respondeu com simplicidade: “Os meus treinadores disseram-me para continuar a sorrir.” Reconhece que o circuito é exigente, mas insiste que o equilíbrio é essencial: “Temos de saber desfrutar do processo. Caso contrário, isto torna-se demasiado pesado.”

Críticas à sua atitude quase robótica não o afetam. Sinner é pragmático: “O trabalho árduo supera o talento. Entro sempre em campo com um objetivo claro. Essa mentalidade constrói-se nos treinos, quando estás com dores ou sem vontade, mas vais na mesma. Se não o fazes no treino, não o vais fazer num jogo.”

Para Sinner, não há lugar para a palavra “fracasso”: “Se dás tudo e te entregas a 100%, não há fracasso. Há dias bons e maus — e eu tive a sorte de viver os dois. Sem os maus momentos, não sabes valorizar os bons.” Disse ainda que o troféu de Wimbledon, que há pouco tempo era apenas um sonho, está entre os maiores feitos da sua carreira.

O italiano também falou da importância da família. “A minha mãe chegou a Londres nessa manhã só para ver a final, e isso significou muito para mim. Estava emocionada por me ver jogar no Court Central. Eu também fiquei comovido por tê-los ali. Ela sofre um bocado, mas é normal — é mãe.”

Sinner, mais humano do que nunca, mostrou que o número um do mundo também sente, sofre, e que o segredo do sucesso pode estar na cabeça — mas também no coração.

Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 16 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: jose_guerra_morgado@hotmail.com