Shapovalov partilha texto sentido e importante no Dia Internacional da Mulher

Por Pedro Gonçalo Pinto - Março 8, 2023

Denis Shapovalov não quis deixar passar o Dia Internacional da Mulher sem fazer uma partilha muito especial. Num longo e sentido texto escrito no The Players Tribune, o número 30 do ranking ATP deixou muitas considerações importantes, a começar pelo momento em que se apercebeu das diferenças gritantes.

“Antes era muito ingénuo. Achava que os profissionais masculinos e femininos tinham o mesmo tratamento. Por que razão havia de ser diferente? Então conheci a minha namorada, Mirjam Bjorklund, e abriu-me os olhos. Está no top 150 e no ano passado qualificou-se para um WTA 250. Disse-lhe que era bom, que ia receber pelo menos sete mil dólares. Ela olhou para mim como se eu fosse novo no ténis e disse: ‘Denis… São só uns mil dólares’. Quero falar sobre isto neste dia. É tão injusto. Não faz sentido algum”, pode ler-se.

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Shapovalov vai mais longe e fala sobre as comparações que vai vendo à sua frente. “Infelizmente, se és jogadora, as tuas hipóteses de sobreviver como profissional são muito menores porque és mulher. Continuo sem entender o processo de pensamento. Alguns dizem que as mulheres não vendem tantos bilhetes, mas quando vou ver os encontros estão cheios. Fiz uma foto no ano passado no WTA 250 de Washington. Foi um encontro intenso e a qualidade foi incrível. Os homens jogavam ao mesmo tempo o ATP 500. Quem passava a primeira ronda levou 14.280 dólares, enquanto as mulheres apenas 4.100”, lembra.

“Eu sei que eram torneios diferentes, mas se compararmos com um ATP 250, os números não fazem sentido. Havia jogadoras do top 10 como a Jessica Pegula. A campeã ganhou 33.200 dólares. Pode parecer muito, mas imagina os anos de trabalho que é preciso para ganhar um torneio assim. Em setembro eu cheguei à final do ATP 250 de Seoul. Recebi 100 mil dólares”, atirou.

A finalizar, entre muitas outras considerações, Shapovalov deixou uma mensagem fundamental e forte. “Vamos dar a todos a mesma oportunidade. Vamos pagar o mesmo prize money. Vamos parar de falar em reduzir a diferença de género. Se queremos que o ténis seja justo, ela não pode existir de todo”, rematou.

O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt