O ex-tenista Andy Roddick mostrou-se esta quarta-feira rendido a Jannik Sinner e Carlos Alcaraz, confessando que não esperava uma nova era após o Big 3 e Serena Williams e afirma que “os tenistas são os melhores atletas do mundo”.
Continuam as reações no mundo do ténis após a histórica final de Roland Garros 2025 entre Carlos Alcaraz e Jannik Sinner. Tudo indica que a memória e o impacto deste duelo perdurarão por muito tempo na mente dos adeptos da modalidade, tal como aconteceu com outras finais lendárias, como a de Wimbledon 2008 entre Rafa Nadal e Roger Federer.
O confronto entre o espanhol e o italiano não foi apenas a final mais longa da história de Roland Garros (com 5 horas e 29 minutos), foi também mais uma prova de que ambos são os principais rostos da nova era do ténis. Atualmente, o resto do circuito encontra-se claramente alguns degraus abaixo, com exceção do sempre competitivo Djokovic. Sobre esta nova rivalidade falou Andy Roddick no seu podcast Serve with Andy Roddick.
APELO EM DEFESA DO TÉNIS E DOS TENISTAS
“Acredito que os tenistas são os melhores atletas do mundo. Cinco horas e quarenta e tal minutos nos maiores palcos. Compara-se isso com outros desportos. Não quero que isto pareça uma crítica a outras modalidades, mas um jogo da NBA tem 48 minutos, jogados com ar condicionado, com colegas de equipa, pausas, descontos de tempo, tudo. Há comunicação constante.
Estávamos habituados a ser vistos como: ‘Vá lá, és só um jogador de clube de campo’. Não creio que essa visão ainda exista hoje. Acredito mesmo que os tenistas são os melhores atletas do mundo. Quanto mais vejo, mais penso nisso”, afirmou o antigo jogador do Nebraska.
Após esta defesa apaixonada do ténis, Roddick passou à análise da grande final entre os dois melhores do mundo:
“É simplesmente absurdo o nível a que estes dois levaram o jogo. Tal como os três grandes antes deles, estão a elevar o ténis a patamares que nunca vimos. A forma como o Jannik entrou em campo e a potência com que batia na bola… foi absurdo.
O facto de estarmos a cinco horas e quarenta minutos e eles ainda estarem de pé. O Jannik, talvez com cãibras, a conseguir superar-se. O Carlos nunca desiste, o Jannik também não.
Não é como se tivessem falhado pancadas fáceis. Tu sentas-te e dizes: ‘Ah, a percentagem de primeiros serviços desceu quatro pontos’ e isso já é determinante. É como se os erros nem fossem erros. Uma direita que sai meio metro fora e já está.”
Teve ainda um momento para se compadecer de Sinner, que desperdiçou três bolas de campeonato:
“É sempre estranho ficar contente com o sucesso de alguém e, ao mesmo tempo, sentir pena de outro. Mas sinto mesmo pelo Jannik. Tenho a certeza de que, em plena consciência, ele sabe que não há nada a temer e que deu tudo o que tinha. Ele sabe que, há três meses, este resultado já teria sido incrível, mas isso não o vai consolar quando se deitar esta noite.”
Agora que terminou a época de terra batida e se inicia a temporada de relva, Roddick arriscou-se a prever quem poderá fazer frente aos dois primeiros do ranking:
“Depois de o Novak Djokovic ter perdido, disse que ainda o via a ganhar Wimbledon. Já não sei se acredito que ele ainda pode vencer Roland Garros — e digo isto com cautela, porque sempre que digo algo assim, ele acaba por fazer o impossível. Mas sim, acredito que é um forte candidato, está ali mesmo ao lado do Carlos Alcaraz e do Jannik Sinner.”
Mas o sérvio não é o único nome em cima da mesa — há também outro que jogará em casa, em Londres:
“Jack Draper está a atingir o estrelato esta época e, entrando naquela máquina de promoção que se cria à volta dos jogadores britânicos, vai estar debaixo de um enorme foco mediático. Há muitas histórias para contar”, disse o norte-americano, que não só agradece o surgimento de Sinner e Alcaraz, como deixa um forte apelo em defesa do ténis.