Rafa Nadal critica o Governo espanhol e acaba insultado

Por José Morgado - Maio 6, 2020
nadal

O Mundo vive tempos absolutamente desafiantes e isso percebe-se quando até uma das figuras mais unânimes de um país é duramente criticada (e até insultada), mesmo que essas palavras venham de pessoas muitas vezes sem rosto. Rafael Nadal, 33 anos, um dos melhores desportistas espanhóis de todos os tempos e uma das principais figuras mediáticas do país, vai vivendo por estes dias tempos igualmente complicados.

Numa entrevista à rádio ‘Voz de Galícia’, o maiorquino, que se tem desdobrado em apoios e alertas no combate à covid-19, mostrou-se muito crítico com a postura e polícias do Governo espanhol em tempos de pandemia. “É absolutamente indiferente se o país é governado à esquerda ou à direita ou até mesmo ao centro. Dá-me igual. Eu quando falo não penso em política. Falo enquanto cidadão. E quero que quem nos Governa faça o melhor possível pelas pessoas. Tem havido muitos erros. É humano admiti-los. Eu também erro no meu dia a dia. Não gosto quando as pessoas não reconhecem os erros e isso faz-lhes perder credibilidade.”

O espanhol não aceita que certas pessoas o considerem menos capaz de opinar sobre determinados assuntos. “Parece que por ser quem sou não posso ter uma opinião. Prefiro guardá-la para mim, mas é um pouco triste que as pessoas pensem assim.”

Esta entrevista de Nadal gerou uma onda de críticas no sítio do costume… as redes sociais. Multiplicaram-se os posts com insultos e as mensagens — muitas delas de políticos e opinion makers — pedindo que o ex-líder ATP deixe de opinar sobre política.

https:\/\/bolamarela.pt//bolamarela.pt//twitter.com/CensoredJules/status/1257661549789040641

https:\/\/bolamarela.pt//bolamarela.pt//twitter.com/DavidTorresPub/status/1257707113046052871

https:\/\/bolamarela.pt//bolamarela.pt//twitter.com/pablom_m/status/1257682859944488961

Toni Nadal, tio e antigo treinador de Rafa, já veio entretanto em defesa do campeão de 19 títulos de Grand Slam, com a sua acutilância habitual. “Há sempre geste disposta a dizer todo o tipo de barbaridades. Qualquer cidadão pode e deve opinar sobre aquilo que se passa no seu país. As pessoas chamam fascista ao meu sobrinho sem sequer saberem aquilo que essa palavra significa. Talvez não fosse má ideia irem ler um livro e aprenderem.”

Em entrevista à ‘Cadena SER’, o próprio tio Toni aproveitou para dar a sua opinião. “Houve muita coisa mal feita. Se a situação era fácil? Claro que não. Uma vez ouvi o Pablo Iglésias [líder do Podemos] dizer que em política não se pede perdão, pede-se a demissão. Não concordo. Na política, como em tudo, há equívocos.”

Espanha é o segundo país do Mundo com mais casos de coronavírus (253.682) e o quarto com mais vítimas mortais (25.857).

Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 13 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: josemorgado@bolamarela.pt