Opelka arrasa ATP de alto a baixo: «O nosso desporto é um autêntico circo há muito tempo»

Por Pedro Gonçalo Pinto - Março 11, 2022

Reilly Opelka é uma das vozes mais críticas da direção da ATP, mas o gigante norte-americano veio a público lançar uma série de críticas das mais duras que até agora fez. Irritado com aquilo que se vai passando na modalidade, o número 17 do ranking ATP faz um retrato daquilo que se vive no circuito masculino hoje em dia, dando mesmo um exemplo para começar a destacar aquilo que pensa.

“Olhemos para Andrey Rublev. Sinto-me mal por ele. O que ele fez no ano passado foi impressionante, mas para as pessoas é fácil dizer que é um sortudo e que está a ganhar muito dinheiro. O que ele faz está longe de ser normal. Trabalha a um ponto em que nunca vi ninguém igual. Sei que passa mal em alguns treinos. São seis ou sete horas por dia, vai para o ginásio, está sempre a bater na bola. Não está lá só para se mostrar. Sinto-me mal porque ele não é recompensado como devia. Devia estar a ganhar milhões! Devia estar a ganhar muito mais do que tem porque dá tudo. É uma vergonha”, apontou.

Opelka ataca a má distribuição de prize money e aponta o dedo a todos os que têm cargos de gestão na ATP. “Andrea Gaudenzi devia demitir-se. Precisamos de uma nova liderança. Não digo isto por mal, não é nada pessoal. São boa gente. Massimo Calvelli, o CEO, é boa pessoa. Mas por que é que vamos buscar gente como ele? Sem ofensa, não podes passar de representante da Nike, de ser encarregado de despachar encomendas ou de encontrar os ténis adequados para o Rublev, e passar a ser o CEO de um dos maiores desportos. Isso não acontece em mais desporto nenhum. O Chris Kermode era treinador em Queen’s. Como é que se passa de treinar a CEO num momento em que tens os três melhores da história no ativo?”, acrescentou.

O gigante norte-americano vai mais longe e fala mesmo… num circo. “Esta cultura tem de mudar. Escolheria alguém menos envolvido no ténis porque quando está alguém tão perto, está habituado ao desastre que a ATP é. O nosso desporto é um autêntico circo há muito tempo. Todos os outros desportos globais estão muito bem e o único mau é o ténis por causa da liderança”, sustentou.

Opelka dá mesmo uma sugestão de novo líder. “Temos de apostar num visionário. Escolham a mão direita de Adam Silver na NBA ou alguém que trabalhou com um Adam Silver ou um CEO que tenha tido muito êxito. O nosso desporto está morto. Se há transparência e está tudo bem, como é que o prize money de Acapulco foi menor este ano do que em 2019? Tinha cinco dos seis melhores do Mundo. Por que é que estamos a andar para trás?”, questionou.

O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt