Norman: «No US Open de 2016 eu e o Wawrinka estivemos a chorar»

Por Tiago Ferraz - Abril 15, 2020
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O antigo tenista sueco e número dois mundial Magnus Norman é um dos treinadores mais respeitados do mundo falou sobre os tempos em que treinou Robin Soderling e agora que está com Stan Wawrinka ao podcast Tennis With Accent.

«O Robin (Soderling) contactou-me quando treinava o Thomas Johansson. Tinha começado a trabalhar com ele de forma mais regular, mas meses depois lesionou-se e coincidiu que, nessa fase, o Soderling afastou-se do seu antigo treinador Peter Carlsson. Fiquei a trabalhar de forma permanente com o Robin. Tivemos grandes resultados juntos, ele tinha um grande treinador antes. Carlsson fez todo o trabalho mais difícil nos anos de transição, principalmente, na parte física onde tinha uma excelente base. Acho que a maior melhoria que (Soderling) teve comigo foi na sua mentalidade. Consegui fazer com que ele se concentrasse nos momentos importantes de cada encontro. Nunca tinha chegado a finais do Grand Slam e comigo chegou duas vezes. Foram anos muito positivos. Depois de perder com o Nadal em Roma, em 2009 (por 6-0 e 6-1), recordo-me que fiquei a falar com ele no ginásio durante a noite. Acreditava que o marcador não refletia o que se tinha passado em court e ficamos a analisar o que tinha acontecido durante várias horas. Duas semanas depois voltaram a enfrentar-se e, desta vez, o Robin ganhou ao Nadal em Roland Garros. Era tudo uma questão de confiança. Ainda assim acho que o ponto de viragem no Soderling foi a vitória diante de David Ferrer», disse, citado pelo Punto de Break.

Norman falou ainda da sua relação com Stan Wawrinka e deixa elogios ao suíço:

«É curioso. Depois de trabalhar com o Robin, a minha mulher queria ter filhos e, nesse sentido, devia ficar em casa (entre risos). O agente do Stan ligou-me e tentou convencer-me a trabalhar algumas semanas com ele. Depois de dizer que não várias vezes, decidi aceitar. Estive uma semana da pré-temporada com ele na Suíça e gostei muito de trabalhar com ele. O Stan tem uma personalidade muito diferente da do Robin e encaixamos desde o primeiro minuto. O Stan venceu no Estoril (em 2013) e depois chegou à sua primeira final do Masters 1000 de Madrid. Notava-se que confiava nos meus conselhos, foi um início positivo, mas tivemos sorte. Quando o Stan tem confiança em si mesmo, uma boa preparação e está com ritmo é uma ameaça para todos. A sua esquerda é uma das melhores pancadas do circuito», salientou.

O sueco revelou ainda um episódio muito especial que antecedeu a final do US Open que viria a vencer:

Antes da final do US Open estávamos a fazer uma excelente temporada nos Estados Unidos. Estava muito orgulhoso dele e então comecei a dizer o que sentia. Entre os nervos e a emoção, antes do encontro, começou a chorar. Esta situação fez com que eu também começasse a chorar. Estivemos ali os dois, durante dois minutos, até que o árbitro nos chamou para jogar. Nunca vou esquecer esse momento», disse.

 

Jornalista de formação, apaixonado por literatura, viagens e desporto sem resistir ao jogo e universo dos courts. Iniciou a sua carreira profissional na agência Lusa com uma profícua passagem pela A BolaTV, tendo finalmente alcançado a cadeira que o realiza e entusiasma como redator no Bola Amarela desde abril de 2019. Os sonhos começam quando se agarram as oportunidades.