Nadal não tem data para a retirada: «Neste momento é dia a dia»

Por José Morgado - Maio 8, 2024
Nadal
FOTO: Miguel Reis/Bola Amarela

Rafael Nadal, 10 vezes campeão do ATP Masters 1000 de Roma, em Itália, cumpriu esta quarta-feira os seus compromissos com a imprensa no Media Day e admitiu que vive um momento da sua vida em que os seus planos são feitos… dia a dia. O espanhol de quase 38 anos assegura que não sabe exatamente quando se vai retirar da modalidade. Nadal estreia-se esta quinta-feira no Foro Italico diante de Zizou Bergs, pelas 12 horas de Portugal Continental.

UNS DIAS EM CASA ANTES DE ROMA

Fui a casa depois de Madrid e cheguei a Roma no sábado. Tenho podido treinar bem, ou mais ou menos, nos últimos dias. Tenho muita vontade de jogar em Roma. É um torneio que me traz muitas recordações inesquecíveis. Mas vamos dia a dia. É o meu terceiro torneio consecutivo, algo que não me acontecia há muito tempo. E isso são boas notícias. Preciso de continuar para ver que chances tenho. Estou contente pela forma como me sinto neste momento.

ALGUMA MUDANÇA DA FORMA COMO OS RIVAIS O OLHAM?

Sinceramente a única coisa que muda é que agora já não sou cabeça-de-série. Sou o número 300 do Mundo, não jogo há muito tempo. Mas sinto-me sempre muito bem tratado por todos os jogadores, torneios, meios de comunicação. Espero ter uma boa relação com todos. Nunca mudei.

A RETIRADA

Não tenho uma resposta clara em relação a isso. Neste momento posso dizer-vos que quero jogar Roma. É o torneio em que estamos. Depois quero estar preparado para jogar Roland Garros. Mas logo verei quais serão as minhas emoções depois disso. Neste momento não sei. Quero viver e desfrutar de cada dia. Sempre a ver até onde é que o meu corpo aguenta. Neste momento estou feliz. Quando digo que me vou retirar não é porque não continue a desfrutar da modalidade ou não me sinta competitivo. Simplesmente o meu corpo não tem sido capaz de aguentar essa sobrecarga de treinos e encontros. Não dá para desfrutar das dores constantes das lesões.

MELHORES RECORDAÇÕES DE ROMA

Todos os momentos mais importantes da minha carreira foram em encontros à melhor de cinco sets. Esses são os duelos mais emotivos, dramáticos e aqueles em que as pessoas se envolvem. Lembro-me de quando as finais de Masters 1000 eram à melhor de cinco. Batalhas incríveis que ficavam na história. Ganhei 10 vezes aqui. As memórias que tenho mais frescas são as vitórias em cinco sets contra o Coria e Federer, mas também me lembro de grandes vitórias diante do Djokovic.

O QUE SONHAVA O NADAL DE 19 ANOS, QUE VENCEU AQUI PELA PRIMEIRA VEZ?

Tinha vencido Monte-Carlo e depois Barcelona pela primeira vez. São torneios com tradição, que via desde pequeno pela televisão. Foi algo incrível. Eu era muito jovem, tinha muita energia, muita paixão. Semprei adorei ténis, não apenas como jogador, mas também como fã. Sempre tive muitos sonhos.

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A MELHORAR DESDE BARCELONA

Cada dia é diferente. Não é uma linha ascendente, tem altos e baixos. Tive momentos duros em Madrid. É verdade que de modo geral, sem dúvidas, tenho estado a melhor. Estou contente por estar aqui. Há uns tempos era impensável para mim jogar Barcelona, Madrid e Roma de seguida. Consegui cumprir esse primeiro objetivo, tendo a consciência de que nalguns momentos não pude apertar como gostaria.

ALCARAZ E SINNER TAMBÉM LESIONADOS

As lesões não são algo novo. Entendo que sejam más notícias quando jogadores tão jovens como Sinner ou Alcaraz não joguem, mas é apenas uma coincidência que os dois estejam lesionados ao mesmo tempo. Vai sempre haver lesões. A conversa é muito mais profunda se quisermos perceber por que razão há muitas lesões no ténis. É que se levas o teu corpo constantemente ao limite… acabas lesionado. O ténis é cada vez mais rápido e jogado maioritariamente em superfícies mais rápidas. As lesões vão aparecer…

Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 13 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: josemorgado@bolamarela.pt