Mónica Seles recorda a fama, a vida social e fala do ponto de viragem na carreira

Por Tiago Ferraz - Novembro 10, 2020
VALERY HACHE/AFP

Mónica Seles, uma das melhores tenistas de todos os tempos, escreveu uma autobiografia onde aborda vários temas da sua carreira que teve episódios de sucesso e de sofrimento quando estava, porventura, no melhor momento da sua vida profissional com apenas 19 anos.

No seu livro ‘Getting a Grip’, a antiga tenista fala daquilo que a fama pode representar para alguém que, aos 19 anos, já tinha oito títulos do Grand Slam conquistados e lembra episódios marcantes com o seu agente Tony Godsick (que trabalha atualmente com Roger Federer) entre os quais está um concerto dos Guns N’ Roses em Nova Jersey onde Mónica Seles estava devido a um encontro de exibição:

“Telefonei ao meu agente e ele disse-me: «Se arranjo bilhetes para o concerto? Claro! Quero muito ir! Vê se estás pronta às 21h00». No dia seguinte tinha aquele encontro de exibição e sabia que não podia vencer se não dormisse, mas perguntei a mim mesma: «Quem sabe? Uma noite não são noites! Tenho apenas 17 anos! Devo descontrair um pouco de vez em quando». Ainda assim a sensação de que estava a fazer algo de errado crescia. Além disso, nessa noite não sei que coisas é que foram realmente bonitas e quais é que eu me convenci de que eram bonitas. Vi todas aquelas pessoas a desfrutar como se não houvesse amanhã e eu, infelizmente, não senti o mesmo”, lembra, citada pelo Punto de Break.

Mónica Seles lembra o que pensou após um novo concerto, desta vez de Prince, quando tinha um torneio em Los Angeles um dia antes da meia-final do torneio da mesma cidade:

“Eu tinha vencido as três primeiras rondas sem perder um único set e, nesse sentido, decidi ir ao concerto com a mentalidade de que não havia razões para estar preocupada. Podia levantar-me tarde, ir treinar e continuaria a ser a número um do mundo”, recorda Seles, que acabou por garantir a presença na final num duelo muito complicado em que foi a três partidas.

Com todas estas peripécias Mónica Seles a sensação que teve quando pegou no troféu de campeã do torneio de Los Angeles:

“Naquele momento, mesmo na altura em que levantava o troféu, decidi que ia dedicar-me de corpo e alma a esta modalidade. Seria 100 porcento de mim dedicada ao ténis e não apenas 50 porcento para que os outros 50 fossem dedicados à minha vida social. Nesse momento descobri a grande diferença entre ser famoso e ser uma celebridade. Ser famoso vem com o sucesso. Ser uma celebridade vem de ti”, revelou.

Recorde-se que Mónica Seles esteve envolvida num grave incidente que lhe custou, porventura, o estatuto de melhor tenista de todos os tempos numa fase em rivalizava por esse título com a alemã Steffi Graff.

Jornalista de formação, apaixonado por literatura, viagens e desporto sem resistir ao jogo e universo dos courts. Iniciou a sua carreira profissional na agência Lusa com uma profícua passagem pela A BolaTV, tendo finalmente alcançado a cadeira que o realiza e entusiasma como redator no Bola Amarela desde abril de 2019. Os sonhos começam quando se agarram as oportunidades.