Marcelo Melo em entrevista: «Nem devemos esperar por outro Guga»

Por Pedro Gonçalo Pinto - Janeiro 25, 2021
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Não é todos os dias que se tem a hipótese de falar com alguém que já foi número um de alguma coisa. É esse o caso de Marcelo Melo, tenista brasileiro que já liderou o ranking mundial de pares. Melo tem levado a bandeira canarinha bem alto ao longo dos últimos anos, mas o cenário tem sido diferente em singulares, especialmente desde que Gustavo Kuerten se retirou. Por que é que isso acontece? Foi isso que perguntámos ao jogador, de 37 anos, que está em Melbourne.

“Guga foi um jogador fora da curva. Não devemos nem esperar que outro Guga vai aparecer tão cedo. Foi tão especial, fez tanta coisa pelo ténis brasileiro. É difícil cobrar que alguém seja igual a ele. Cada um tem o seu caminho. Acho que há bons jogadores a aparecer, mas logicamente se compararmos ao Guga ninguém vai chegar perto por enquanto. Mas o importante é que há bons juvenis a vir. Thiago Wild tem jogado muito bem e outros tantos. É importante cada um seguir o seu caminho e quem sabe atingir as coisas que ele fez ou mais”, contou-nos, ele que não fugiu a nenhum tema e que também falou sobre Sascha Zverev.

Certo é que Marcelo Melo prepara-se para se estrear ao lado do romeno Horia Tecau. E a verdade é que o brasileiro considera que todo esta questão da quarentena obrigatória… até pode jogar a favor desta nova dupla no primeiro Grand Slam da temporada.

“As expectativas para jogar com o Tecau são muito boas. Ele é um excelente jogador. Estas condições são perfeitas para jogar com um parceiro pela primeira vez. Normalmente não temos tempo para treinar juntos, mas aqui vão ser praticamente 14 dias a treinarmos juntos nas condições de jogo. Vamos ter um torneio preparatório também. Condições melhores para chegar a um Grand Slam era impossível. Ele também está muito empolgado, por isso estamos no caminho certo”, aponta, cheio de confiança.

Uma quarentena tranquila

Marcelo Melo é um dos jogadores que têm liberdade para sair cinco horas por dia do quarto, uma vez que não teve o azar de viajar com alguém infetado. Por isso mesmo, não esconde que esta quarentena nem está a ser um pesadelo tão grande quanto isso. “A quarentena tem sido, na verdade, tranquila. Estamos a fazer duas horas de court, 1h30 de físico e outra hora de alimentação. Está a ser tranquilo, mesmo que tenha de ficar muito tempo no quarto. Quando estou no quarto acabo a ver muita Netflix. Vejo também alguns programas brasileiros, tento ler um pouco também e acompanho as notícia do Brasil e do Mundo”, explica-nos.

Acima de tudo, o craque brasileiro recusa entra em comparações, nem se mostra preocupado por haver diferenças para o que acontece em Adelaide, com Novak Djokovic, Rafael Nadal e companhia. “Nem penso muito porque estamos a ter tempo suficiente aqui, independentemente de que tempos que têm [em Adelaide]. Podemos fazer uma boa preparação ao sairmos cinco horas. O que eles têm de benefício não me incomoda, faz parte do circuito” concluiu.

O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt