Kyrgios nem acredita: «Estou tão profissional que não me sinto eu próprio!»

Por Pedro Gonçalo Pinto - Setembro 1, 2022

Nick Kyrgios continua a dar tudo em court e a apresentar-se focado para caminhar no US Open. Depois de derrotar Benjamin Bonzi, garantiu um lugar na terceira ronda — está cada vez mais perto de defrontar Daniil Medvedev — e, em conferência de imprensa, confessou que até a ele próprio se está a surpreender.

A REPRESENTAR MUITA GENTE

Neste momento da minha carreira não quero defraudar ninguém. Sinto que represento muita gente. Sei todo o trabalho que a minha equipa, de toda a gente que me apoia. Lembro-me de estar numa conferência de imprensa aqui, há três ou quatro anos, e sentia-me mal porque não podia superar as minhas expectativas, não era capaz de ganhar. Agora estou aqui e sinto que jamais tive tanta pressão sobre mim. Sei que sou capaz de voltar a chegar a uma final do Grand Slam e quero voltar a fazê-lo. Quero que a minha equipa esteja aqui comigo e que o façamos juntos. Sinto que posso jogar quatro ou cinco bons pontos e depois ficar louco. É difícil. Quero ter êxito com certas pessoas, quero fazer isso. Por isso tenho tantas expectativas. 

O QUE MUDOU

Tenho jogado muitíssimo ténis. Foi um ano incrível em muitos sentidos. Queria reinventar-me a mim mesmo a nível tenístico, voltar à elite deste desporto porque sei que pertenço lá. A final de Wimbledon foi um ponto de inflexão para mim a nível mental. Se tivesse ganho esse encontro, não sei onde estaria a minha motivação agora. Perder e tê-lo tão perto foi difícil de digerir. Depois de ganhar Washington e tantos encontros, senti que a pressão podia dissipar. Mas não pensava que ia continuar a ter esta quantidade de pressão. A cada dia controlo o que como, tento dormir bem e enfrento cada treino bem.

NEM SE RECONHECE

Sinceramente, quase nem sei quem sou, este não sou eu. Tento encontrar um equilíbrio em tudo o que diz respeito à minha vida. A imprensa e os adeptos são uma loucura onde quer que vá. Tento equilibrar a minha vida pessoal e o meu ténis, é muita coisa. Mas sinto que agora me comporto como um profissional. Estou tão profissional que não me sinto eu próprio! Nunca pensei que a final de Wimbledon teria este efeito em mim. Pensava que ia ser o contrário, que ia relaxar mais. Mas não, é stressante.

O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt