Ivanisevic: «Djokovic tira-te as pernas, depois a alma, abre a tua cova e faz-te o funeral»

Por Pedro Gonçalo Pinto - Junho 12, 2023

Goran Ivanisevic era um treinador radiante depois de Novak Djokovic fazer ainda mais história. O sérvio tornou-se recordista de títulos do Grand Slam ao conquistar Roland Garros, algo que o técnico explicou. Ivanisevic não deixou nada por dizer, falou sobre o encontro com Carlos Alcaraz e terminou com uma tirada curiosa.

CHEGOU A ROLAND GARROS SEM ESTAR NO TOPO

Não vinha com uma forma e confiança brutais, mas isso não me preocupava. Monte-Carlo, Roma, esses torneios não contam. O que conta é este. Nole tem um software na cabeça que se transforma quando chega a um Grand Slam. É um torneio diferente de todos. No dia em que chegou aqui estava melhor, mais motivado e com mais fome. A cada dia foi jogando melhor e contra Alcaraz, durante uma hora e meia, jogou um ténis incrível e inteligente.

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GRAND SLAM DE CALENDÁRIO À VISTA?

Têm de lhe perguntar a ele. No ano passado, na Austrália, não sabíamos o que fazer e agora tem 23 Grand Slams. Lamento que o Rafa não tenha podido estar aqui. Espero que Rafa volta e ganhe mais um. Há dois anos, Djokovic esteve a um encontro desse objetivo. Este ano tem a oportunidade, mas ainda falta muito. Mas acredito que ainda tem muita corda no corpo.

AMBIÇÃO SEM LIMITES

Ele desfruta tudo. Mantém o seu corpo em grande forma, sem lesões, graças a Deus. Há coisinhas, mas nada grave. É incrível. Move-se como um gato pelo court, como um ninja. Às vezes é fascinante vê-lo. Agora tem 23, mas vai encontrar motivação para ganhar mais. 24, 25, quem sabe onde está o fim.

DUELO COM ALCARAZ

Houve gente que dizia que não tinha hipóteses contra o Carlos nas meias-finais. Mas ele é Novak. Quando lhe dizes que não tem hipóteses, fica com o triplo da fome. Foi estranho ver os jornais e as pessoas dizerem que Carlos era o favorito contra Djokovic. Não podes dizer isso. Tinha jogado 33 finais de Grand Slam e ganho 22. Alcaraz é incrível, vai ser o próximo a ganhar não sei quantos Slams, mas não podes dizer que ele é o favorito. Isto é um Grand Slam, é diferente. Há nervos e toda a gente viu o que se passou no terceiro. Como disse Roddick, primeiro tira-te as pernas e depois a tua alma. Depois abre a tua cova e faz-te o funeral. Adeus, obrigado por vires.

O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt