Henin em entrevista, parte 2: «Está mais difícil para a Serena, mas não impossível»

Por José Morgado - Janeiro 27, 2021
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Justine Henin foi a principal rival de Serena Williams durante várias temporadas na primeira década deste século e, 13 anos depois de Henin se ter retirado pela primeira vez e quase uma década depois de ter abandonado o ténis pela segunda, Williams, de 39 anos, continua a competir ao mais alto nível, apesar de ser mais velha do que a belga (38). A ex-líder mundial e vencedora de sete títulos de Grand Slam não descarta a antiga rival da luta pelos grandes títulos, mas não esconde que Serena é hoje em dia uma jogadora e pessoa diferente.

“Ela é uma jogadora diferente e uma pessoa diferente. Ela agora é mãe e isso muda muita coisa. Desde que ela foi mãe, temos de admitir que continua consistente. Não ganhou Grand Slams mas chegou a quatro finais, no ano passado foi às meias-finais do US Open. É incrível. Nem todas podem dizer isso. Vai tornar-se cada vez mais difícil, não sei se o ‘fogo’ que ela tem dentro dela continua o mesmo, porque as prioridades mudaram. Ganhar talvez já não seja a coisa mais importante da vida dela. Penso que ela perdeu um pouco daquela mentalidade em que se sentia a melhor de todas. Mas é normal. A vida mudou. Não diria que ela não vai conseguir voltar a ganhar porque no ténis de hoje em dia, tudo pode acontecer. Vai ser difícil, cada vez mais complicado, mas eu não diria que não”, assumiu em entrevista ao nosso site a belga que será comentadora do Eurosport durante o Happy Slam.

Henin lembra ainda que hoje em dia as jogadoras já não temem tanto Serena. “As jogadoras de hoje em dia acreditam muito mais que a podem derrotar. No início da minha carreira eu não acreditava. Naquela altura ela era inacreditável, especialmente mentalmente. Era preciso sermos muito fortes, lutar muito e tive de trabalhar bastante. O ténis hoje em dia é diferente, não apenas em relação à Serena. As 50 primeiras do ranking há 10 anos não tinham tanta confiança de que poderiam ganhar um Grand Slam como têm hoje. Isso por um lado é bom, mas por outro precisamos de alguma consistência no topo da modalidade.”

Para a belga, é quase impossível fazer palpites no quadro feminino. “É muito difícil escolher uma favorita no ténis feminino, especialmente perante esta situação que vivemos. É tudo muito imprevisível, talvez possamos encontrar mais rivalidades e estabilidade dos próximos anos. Eu gostava de ver mais consistência no topo do ténis feminino. Estou otimista, mas a situação que vivemos atualmente é única. Tudo o que se está a passar na Austrália, nem todas estão nas mesmas condições. A Osaka lidou bem com a situação no US Open, ela tem sido forte e mais madura, mas cada torneio é como se começássemos do zero. Espero que vejamos bom ténis e que as jogadoras sejam fortes mentalmente.”

O quadro masculino é mais fácil de prever e tem um favorito mais óbvio: Novak Djokovic. “O Australian Open é feito para o Djokovic. A situação este ano é diferente, mas depois do que se passou no US Open e Roland Garros ele vai querer mostrar de novo que é o patrão. Temos de contar sempre com o Rafa, com o Thiem, que agora é campeão de Grand Slam, e também gosto muito do Medvedev.”

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Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 13 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: josemorgado@bolamarela.pt