Gastão Elias até arrasou Brooksby no início do ano mas faz elogios: «Deixa os outros desesperados!»
Quando a temporada começou, parece-nos justo afirmar que ninguém sabia quem era Jenson Brooksby. Afinal de contas, falamos de um tenista que ocupava o 314.º posto do ranking ATP quando entrou no seu primeiro torneio de 2021. Em causa estava um ITF de 25 mil dólares em Villena, na academia de Juan Carlos Ferrero, em Espanha. Ora, Brooksby atravessou-se no caminho de Gastão Elias, que o dizimou por 6-0 e 6-2 rumo ao título. Desde aí, o norte-americano disparou, conquistou três Challengers em quatro finais, fez uma final ATP, atingiu os ‘oitavos’ no US Open e é o 70.º do mundo.
Pois bem, fomos ouvir precisamente Gastão Elias para falar com o homem que impôs a derrota mais pesada da temporada a um jogador que ganhou sets a Novak Djokovic ou Alexander Zverev entretanto. E tudo começou com uma história curiosa. “Em fevereiro joguei contra ele num Future e nessa altura não o conhecia. Eu e o meu treinador recebemos uma mensagem do meu preparador físico, o Cassiano Costa, que é brasileiro, vive em Miami e trabalha com muitos atletas. Ele dizia ‘se quiserem alguém para treinar, vai para aí jogar um atleta que tenho estado a treinar que se chama Jenson Brooksby’. Passou-nos o número, combinámos um treino. Entretanto, no dia seguinte, ele não apareceu. Não disse nada, mandámos mensagem, não respondia. No dia seguinte, encontramo-lo e ele ‘ah, tínhamos marcado para treinar? Nem tinha percebido que tinha ficado marcado’. Isto antes de começar o torneio. Bem, fica para a próxima, pensámos. Entretanto, vamos os dois ganhando e jogo contra ele na meia-final”, começa por afirmar o 222.º do ranking ao Bola Amarela.
Curiosamente, as primeiras impressões, tal como para tantos, não foram exatamente as melhores. “Nunca o tinha visto jogar e ele jogava assim meio torto. A jogar assim meio torto, em Futures, nunca tinha ouvido falar… Não dei grande atenção e entretanto joguei com ele na meia-final. Ganhei 6-0 e 6-2, sendo que estive 6-0 e 5-0, 40-30 a servir. Subi à rede, ele fez um passing em que a bola bateu na fita, por isso tinha o ponto na mão. O engraçado é que daquela maneira que ele joga, assim torto e com uma técnica bem diferente e fora da caixinha, um slice a duas mãos, vólei a duas mãos… Mandámos mensagem ao Cassiano a dizer ‘tinhas dito que este tipo era bom, mas jogámos com ele e achámo-lo bem fraquinho, não pareceu nada de mais’. Ele achou estranho”, acrescentou o lourinhanense.
No entanto, a história mudou de figura rapidamente e Gastão Elias detalha o que torna Brooksby tão difícil de derrotar. “Entretanto, passaram umas semanas, ele começa a ganhar jogos nos Challengers, a limpar Challengers, a ganhar jogos nos ATP e pronto, agora está ali! A verdade é que o tenho visto a jogar e com certeza que ele quando jogou contra mim estava num dia muito mau. Obviamente joga bastante bem, apesar de ter uma técnica que não se ensina. É um jogador muito sólido, muito forte fisicamente. Muito forte mentalmente também. Dá para ver que não tem grandes armas, um grande serviço, direita ou esquerda, mas todas as pancadas são muito sólidas. Joga de uma maneira que deixa os outros desesperados e sem saber o que fazer! Parece que tem, mas não tem buracos. Isso faz dele um jogador consistente e constante nos resultados”, detalha o português de 30 anos.
E até onde é que Brooksby pode subir? Elias não sabe dizer… mas não é por um mau motivo. “Não consigo dizer até onde ele pode chegar porque cada dia que passa surpreendo-me mais com ele. Já começo a acreditar que tudo é possível. Olho para um ATP 250 e vejo que há poucos jogadores no quadro que talvez lhe consigam ganhar. Não me admiro nada que hoje ou amanhã comece a ganhar um ATP ou outro e se mande lá para cima com força”, rematou.