Frederico Marques: «Pensamos em vencer o primeiro encontro mas o objetivo é os ‘quartos’»
João Sousa só entra em court terça-feira para defrontar o russo Daniil Medvedev, num encontro referente à primeira ronda do quadro principal do Millennium Estoril Open 2018, mas o seu treinador Frederico Marques partilhou este domingo, com o Bola Amarela, as suas expetativas em relação à estreia do jogador português.
Apesar de ver em Medvedev “um jogador agressivo com um muito bom golpe de esquerda”, o técnico acredita nas boas possibilidades de vitória do vimaranense, que, garante, não se sente afetado pelo dia “menos bom vivido em Barcelona, na semana passada, na sequência de alguns pequenos problemas físicos“, e partilha metas mais ambiciosas. “Chegando aos quartos de final tudo é possível”, defende, antes de levantar ligeiramente o véu em relação à tática a adotar para a partida ante o 8º cabeça de série do torneio português do ATP World Tour.
Bola Amarela – João Sousa estreia-se terça-feira na quarta edição do Millennium Estoril Open frente a Daniil Medvedev. Pode fazer-nos uma antevisão desse encontro?
Frederico Marques – Vai ser um encontro complicado, como são todos a esse nível. Este é um torneio com muito bons jogadores.
BA – Que análise faz ao adversário?
FM – Já treinámos algumas vezes com o Medvedev. Não temos muita proximidade, mas sabemos que é um jogador muito agressivo, gosta de jogar em situações rápidas, em piso rápido, terra batida rápida e com bolas mais ligeiras. Serve bem, responde bem e tem muito bom golpe de esquerda. O Medvedev é, de facto, um jogador agressivo, mas o João vem de dois meses a muito bom nível, na minha opinião dos melhores dois meses dos últimos anos. Na semana passada, em Barcelona, não correu tão bem mas um bocadinho por aspetos físicos.
BA – Isso poderá afetá-lo aqui?
FM – Não. Não estivemos nas melhores condições em termos de mobilidade, de movimentação dentro do campo, mas isso já está ultrapassado. Estivemos muito bem em Indian Wells, Miami e, durante esse mês, voltou a competir muito bem em piso rápido na Taça Davis e fez meia-final na semana de terra batida de Marraquexe. Foram muitos dias de treino e competição a bom nível e não é só por um dia menos bom em Barcelona que vamos dar importância a isso ou ficar afetados. O importante é o João estar bem fisicamente, conseguir movimentar-se bem dentro do court, defender bem, não sentir dores e, se isso acontecer, tem tudo para estar competitivo e poder vencer.
BA – Já trocaram certamente algumas impressões sobre o adversário.
FM – Trocámos apenas algumas ideias rápidas. Como por exemplo o facto de ter um bocadinho melhor esquerda que direita, servir bem, gostar de pontos curtos… algumas ideias para ficar a trabalhar no subconsciente. Mas hoje [domingo] vamos fazer o primeiro treino a pensar nos aspetos mais táticos para tornar mais automáticas algumas jogadas para terça-feira. Depois tenho de estudar os encontros que ele fez este ano. Ele jogou na terra batida de Monte Carlo, passou só uma ronda, antes de perder em dois sets com o Nishikori, mas fez um bom encontro. Vou tentar perceber se tem algumas dificuldades em movimentar-se, se fez bem a transição de tantos meses em piso rápido para terra batida e outros aspetos.
BA – Mas já deve ter, ainda assim, uma estratégia em mente. Pode partilhar connosco?
FM – (risos) Preferia deixar entre mim e o João, mas passará por não fazer um jogo que o adversário goste e não deixar que se sinta cómodo. Basicamente 70 por cento da tática depende de nós e, se jogarmos ao nosso bom nível, formos agressivos, tivermos uma boa percentagem de primeiro serviço, conseguirmos por alguma pressão na resposta, sermos nós a dominar o adversário e fazê-lo movimentar-se desde o princípio da jogada, temos muita possibilidade de vencer.
“Ele teve uma ou outra dor em Barcelona, mas já está resolvido. O João está praticamente a 100 por cento e ainda temos dois dias para recuperar”.
BA – Como sente o João Sousa por estes dias?
FM – Ele está bem e tranquilo. Sabe que vem de bons torneios, de amealhar pontos, fazer bons resultados, ganhar a bons jogadores – como aconteceu em Indian Wells e Miami, em que ganhou a dois jogadores top-10 [Alexsander Zverev e David Goffin, respetivamente] e a vários do top-50 – e isso dá tranquilidade e confiança. Além disso, sente-se melhor fisicamente. Voltámos a estar naquela ‘onda’ de vencer aqueles terceiros sets e o João voltou a sentir-se bem fisicamente quando ultrapassamos 1h30 a 2h de jogo. Ele continua a sentir-se forte, passado esse tempo, e isso também dá confiança. É sempre bom jogar aqui e há sempre aquela expetativa de poder jogar bem, mas é normal querer jogar bem para o público, para a família e as pessoas que tanto o apoiam ao longo do ano.
BA – Qual é o objetivo, este ano, para o Millennium Estoril Open?
FM – É vencer jogo a jogo mas, um bocadinho mais a longo prazo, é chegar aos quartos de final! A partir daí tudo é possível. Com uma vitória nos quartos, passamos às meias-finais, estamos entre os primeiros oito e tudo é possível. Claro que vamos começar por pensar jogo a jogo – trabalhar os tais 70 por cento de tática que depende de nós e os 30 por cento a dificultar o adversário – e pensar em vencer o primeiro adversário. Mas temos de pensar mais à frente e o objetivo, em termos globais, é chegar aos quartos de final.
BA – E, depois dos problemas físicos vividos em Barcelona, o João Sousa está a 100 por cento para lutar por esse objetivo?
FM – Ele teve uma ou outra dor em Barcelona, mas já está resolvido. O João está praticamente a 100 por cento e ainda temos dois dias para recuperar. Mas na última semana inclusivamente viajámos com um fisioterapeuta para deixar tudo a 100 por cento e ele está bem.