Frederico Marques. «Agradeço ao João por ter acreditado em mim, seria mais fácil ter ido procurar outro treinador»

Por José Morgado - Fevereiro 7, 2022
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João Sousa regressou este domingo, com 32 anos, aos títulos ATP, e colocou um ponto final num período muito difícil da sua carreira, com cerca de dois anos e meio de travessia no deserto no que ao circuito ATP diz respeito. Durante todos estes meses, houve uma ligação que nunca se quebrou: aquela que o liga ao seu treinador, Frederico Marques, há uma década. Horas depois de mais uma conquista da dupla mais bem sucedida da história do ténis português, confirmámos com Marques o quão saboroso é perceber que valeu a pena nunca deixar de acreditar.

“Sentimo-nos felizes, que o trabalho duro que realizámos e sempre acreditámos fazia sentido. Acreditámos na continuidade. No nosso passado. No rumo que seguíamos. Achávamos que aquilo que estávamos a fazer ia servir de algo no futuro. Houve muita resiliência, muita persistência da parte do João. Agradeço-lhe muito por ter acreditado em mim. O mais fácil seria ele ter ido procurar outro treinador porque as coisas não estavam a correr bem. Mas ele acreditou no processo e nunca me culpou por nada. Nem eu a ele. Eu culpei-me muitas vezes a mim. Muitas noites sem dormir, com a minha mulher ao lado, a pensar o que é que estava a falhar. O que é que eu teria de lhe dar de diferente. O que teria de mudar. Mudámos muitas coisas e os resultados começaram a aparecer já no final do ano passado. Essas vitórias e finais acabaram por dar alguma tranquilidade para o trabalho da pré-época”, confessou ainda a partir da Índia, numa altura em que a ‘dupla’ já fazia check-in para regressar à Europa.

O técnico português confirmou-nos que a boa ponta final de 2021 nos Challengers foi fundamental para o início do novo ano. “A pré-época foi boa. Tanto a nível físico como a nível (ainda que curta), como a nível tenístico. Ele estava muito aberto mentalmente, a acreditar no ténis dele e a sua movimentação foi melhorando de dia para dia. A nossa ideia seria começar a temporada com qualificações de ATP, mas esta semana o João acabou por tirar o coelho da cartola e acabou por vencer cinco encontros seguidos. É isso que os grandes campeões fazem. Ele voltou a demonstrar de que é feito e daquilo que é capaz. Está de parabéns.”

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Marques acredita que Sousa tornou-se mais forte por ter passado por estas dificuldades. “Esta vitória deixa claro que temos que aprender com o processo por muito duro que esteja a ser. Se não tivéssemos passado por aquilo que passámos nos últimos anos não teríamos vencido este adversário tão duro. Este é um João mais forte, que se conhece melhor, que tem maior capacidade para aceitar quando as coisas não lhe estão a correr tão bem. É mais maduro também. Resta-me como treinador continuar a puxar por ele e tentar que continuemos a evoluir. Se não evoluirmos voltamos outra vez para trás.”

Agora é tempo de festejar… mas pouco. “Somos conscientes de que é apenas uma semana e amanhã já é história. Vem aí Doha, Dubai, Taça Davis e é isso”.

Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 16 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: jose_guerra_morgado@hotmail.com