Duarte Vale só sabe ganhar no regresso a Portugal: «Quero ser o jogador com melhor atitude»

Por José Morgado - Julho 2, 2020

Duarte Vale, de 21 anos, é uma das interessantes jovens personalidades do ténis português. Há três anos e numa altura em que era um dos melhores jogadores juniores do Mundo — foi top 15 mundial e finalista do Australian Open em pares — optou por seguir a carreira universitária nos Estados Unidos e está a licenciar-se em  Arts in Economics na University of Florida, em Gainesville, uma instituição centenária, com 6 mil milhões de orçamento, mais de 56 mil (!) alunos e uma grande equipa de ténis a competir na primeira divisão da NCAA.

De regresso a Portugal (ainda mais cedo do que o previsto por causa da pandemia), Vale tinha a intenção de jogar os Futures portugueses, mas acabou a jogar estes torneios da Federação Portuguesa de Ténis para darem rodagem aos jogadores antes de voltarem ao circuito. Sem ranking ATP ou FPT, jogou a fase de qualificação no Torneio B do CETO e acabou campeão. Não teve entrada em Vale do Lobo mas a Federação concedeu-lhe um convite para a etapa do Lisboa Racket Centre, onde entrou a ganhar na quarta-fera.

No final do encontro, o jovem de Cascais era uma rapaz feliz. E nem tanto pelo resultado final. “Sinceramente não sabia bem o que esperar neste regresso. Tenho confiança no meu ténis, na minha capacidade e acreditava que poderia voltar a ganhar, mas o meu foco era essencialmente manter uma boa atitude e não me deixar frustrar. Quero, se possível, ser o jogador deste torneio com melhor atitude e mais positivo e tudo isso. Esse é o meu objetivo.”

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Entre Oeiras e Lisboa, Vale está agora numa série de nove vitórias seguidas no pós-pandemia. Primeiro em terra batida, superfície em que não competia desde 2017 (!), e agora em piso rápido. “Custou-me bastante mais fazer a transição de rápido para terra ao fim de tantos anos, esta agora foi bem mais fácil. Voltar a Portugal e adaptar-me ao vento foi o mais complicado. A Florida é conhecida pelo vento, mas na zona norte onde eu vivo nem tanto. Mas costumo sempre dizer que quanto piores estão as condições melhor e obviamente as condições aqui são fantásticas, mas gosto de adversidade e de puxar pela parte mental do jogo. Gosto quando vai para aí.”

Contente por poder competir em Lisboa depois de ficar de fora no Racket Centre, Vale elogia a iniciativa da Federação. “É bom que possamos jogar uns contra os outros. Normalmente isso não acontece. Há muitos tenistas da minha geração com os quais já não jogava há muito. Mas adoro competir e jogar contra os melhores de Portugal é sempre uma coisa boa. Dar prize-money, dar jogos é sempre muito bom. Estamos um passo à frente de outros países. O nível em Vale do Lobo foi muito bom e aqui acredito que volte e ser.”

Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 13 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: josemorgado@bolamarela.pt