Cahill salienta importância do título em Wimbledon: «Sinner precisava mesmo desta vitória»

Por Pedro Gonçalo Pinto - Julho 14, 2025

Jannik Sinner quebrou uma série de cinco derrotas contra Carlos Alcaraz, desforrou-se da final de Roland Garros e sagrou-se campeão de Wimbledon pela primeira vez na carreira. Tudo isto tornou o triunfo do número um do Mundo fundamental, isto segundo Darren Cahill, um dos seus treinadores.

DESISTÊNCIA DE DIMITROV

Foi um grande desafio para nós porque Dimitrov teve uma oportunidade, sem dúvida. Estava a cerrar os dentes nesse encontro. À melhor de cinco nunca sabes o que vai acontecer. Nós continuávamos a acreditar que ele ia sair do problema e sentíamos que estava a começar a jogar como queríamos. Mas na relva tudo pode acontecer. Como o Grigor estava a jogar, se continuasse naquele nível, então ia ter uma boa oportunidade de fechar. Mas tivemos sempre fé de que ia sair bem desse encontro.

SOFRIMENTO NOS GRAND SLAMS

Não deixamos de lhe repetir que os Grand Slams são sete encontros à melhor de cinco. Ninguém passa por um torneio sem um contratempo, seja uma lesão ou um pouco de sorte, ou te livras de um problema nas rondas iniciais. Toda a gente tem uma história num Grand Slam. Talvez esta fosse a sua história. Então é assumir como é, deixar de lado e focar no adversário seguinte. Se derrotas o adversário seguinte, segues em frente e aproveita ao máximo. Ele faz isso. É a mesma forma como lidou com a derrota em Roland Garros. Viu as coisas como eram, compreendeu que fez um encontro incrível mas foi derrotado por um jogador melhor. Nunca jogou melhor em terra batida do que ali. Então sabia que estava a melhorar como tenista e foi capaz de o deixar de lado e focar-se no dia seguinte. É uma qualidade bastante rara de ter.

IMPORTÂNCIA DE GANHAR O TÍTULO

Era importante ganhar por muitas, muitas razões. Carlos dominou-o nos últimos cinco encontros. Fizeram encontros incríveis, Jannik teve oportunidades em quatro dos cinco que jogaram para ganhar. Mas não foi capaz de vencer. Então era importante não só por ser uma final de Grand Slam, não só por ser Wimbledon e não só porque o Carlos tinha ganho os últimos cinco encontros contra ele. Precisava mesmo desta vitória. Então era importante fechar quando teve a oportunidade. Por isso, viu-se um pouco mais de energia nos momentos importantes e mais concentração para garantir que, quando estivesse perto, fechava a porta ao Carlos. Fez um trabalho incrível.

OBCECADO COM ALCARAZ

Diria que nos prepararmos para todos, não só para um jogador. Porque se te preparas só para um, outros jogadores vão chegar perto e causar problemas. Há tantas variações de estilos de jogo hoje em dia. A forma como jogou contra o Carlos não funcionará contra Ben Shelton ou Alexander Zverev. Há que preparar um jogador para enfrentar todo o tipo de possibilidades. Mas Carlos é um grande foco do atenção e ambos estão a pressionar-se mutuamente. Diria que o Jannik vê mais encontros do Carlos do que de qualquer outra porque está fascinado com as melhorias que estão a aparecer no seu jogo e pressiona-nos como treinador para nos assegurarmos que ele também melhora como tenista. A rivalidade é real. E esperemos que continue a existir nos próximos 10 ou 12 anos.

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O ténis entrou na minha vida no momento em que comecei a jogar aos 7 anos. E a ligação com o jornalismo chegou no momento em que, ainda no primeiro ano de faculdade, me juntei ao Bola Amarela. O caminho seguiu com quase nove anos no Jornal Record, com o qual continuo a colaborar mesmo depois de sair no início de 2022, num percurso que teve um Mundial de futebol e vários Europeus. Um ano antes, deu-se o regresso ao Bola Amarela, sendo que sou comentador - de ténis, claro está - na Sport TV desde 2016. Jornalismo e ténis. Sempre juntos. Email: pedropinto@bolamarela.pt