Barbara Schett em entrevista: «Qualquer jogador que não o Djokovic já teria sido banido da Austrália»

Por Bola Amarela - Janeiro 12, 2022

O Open da Austrália está a ter mais protagonismo que nunca e muito se deve ao caso de Novak Djokovic. O Bola Amarela esteve à conversa com Barbara Schett, antiga jogadora e uma das caras mais carismáticas da atualidade – apresenta o famoso programa do EurosportGame, Set and Mats’.

Numa entrevista feita durante esta quarta-feira, a austríaca falou dos principais temas da atualidade e, claro, Djokovic não fugiu à regra.

BOLA AMARELA – O mundo todo está a falar de Novak Djokovic. Todos os dias há uma nova polémica, qual a sua opinião sobre todo este caso e, já agora, acha que ele vai ficar e jogar o torneio?

BARBARA SCHETT – Toda a gente no mundo está a falar sobre isto. É uma situação muito complicada, a cada dia há uma nova novidade, é uma pena que tudo isto esteja a acontecer. Vamos ver o que é que vai acontecer, qual vai ser a decisão do Ministro da Imigração. Eu acho que o Novak vai ficar, porque se o Ministro decidir expulsar o Djokovic, ele vai ficar banido não só três anos da Austrália mas também dos Estados Unidos, podia colocar em perigo o futuro da sua carreira. É um tema muito delicado, não sabemos o que é que pode acontecer, eu acredito que vai jogar o torneio, ainda assim, acho que se fosse qualquer outro jogador que não o Novak Djokovic, o número um do mundo, já teria sido banido da Austrália.

BA – Caso se confirme a presença de Djokovic, até onde é que ele pode ir no Australian Open? 

BS – Para mim, se jogar, será o principal favorito à vitória. Ele está com muita energia e não creio que o facto de ter estado quatro dias sem treinar tenha sido um problema. Se calhar até foi bom para ele descansar. Ele está a treinar bem, está em muito boa forma e cheio de vontade de participar. Temos de esperar pela decisão do Ministro da Imigração, mas se ele ficar, é o grande favorito.

BA – Falando dos principais rivais do Djokovic. Com o sérvio ou sem o sérvio em Melbourne, o que podemos esperar de nomes como Alexander Zverev ou Daniil Medvedev?

BS – Podemos esperar grandes coisas do Zverev e do Medvedev. O Zverev está pronto para vencer um Grand Slam. A medalha de ouro olímpica foi decisiva para mudar a mentalidade dele, está a jogar muito bem, está em grande forma e desejoso de vencer um Grand Slam. O Medvedev a mesma coisa. São, neste momento, os dois principais adversários do Djokovic. O Tsitsipas ainda não sabemos bem o que esperar, temos de ver como é que está a questão da sua lesão, mas creio que ainda lhe falta alguma coisa para conseguir vencer um Grand Slam.

BA – E o Rafael Nadal? Esperava um título no torneio do seu regresso à competição?

BS – O Rafa demonstrou que está pronto para a luta, é certo que na última semana demonstrou ainda alguma irregularidade devido à sua ausência do circuito mas, mesmo assim, não esperava que voltasse tão bem depois de cinco meses sem competir. Temos sempre de colocar o Rafa na equação mas se tivesse de definir favoritos diria em primeiro o Djokovic, depois o Zverev, Medvedev e Rafa. Acho que este vai ser um dos Grand Slams mais entusiasmantes dos últimos anos.

BA – Passando para o ténis feminino. Quem é que parte na frente para o Australian Open?

BS – Ténis feminino é sempre uma lotaria, há sempre muitas candidatas mas para mim a principal será a Ashleigh Barty. Não só por ser a número um do mundo mas também por estar a jogar em casa. Está com muita motivação, venceu um título na última semana e tem dominado o circuito. A seguir à Barty coloco a Muguruza. Estou a gostar muito de ver a Muguruza jogar aqui. Ela ganhou muita confiança com o título nas WTA Finals, está muito solta e pronta para lutar pelo Australian Open. Depois temos muitas jogadoras que podem ter uma palavra a dizer como a Swiatek, a Osaka, até mesmo a Halep e quem sabe a Anisimova pode fazer uma gracinha, venceu um título na última semana e está a jogar muito bem. Principal favorita é a Barty, depois a Muguruza e depois… qualquer outra jogadora.

BA – E o que é que as jovens estrelas podem fazer não só no Australian Open mas durante toda a época?

BS – As nossas jovens estrelas vão dar muito que falar. O Carlos Alcaraz vai ser certamente top 10 vamos ver se consegue chegar já este ano, tem um talento incrível e trabalha muito bem. O Sinner a mesma coisa, está mesmo ali à porta. Já o estive a ver treinar e falei com o treinador dele que me disse que está muito confiante para esta época. Também tenho de falar do Casper Ruud. Está no top 10 e é um lutador nato, trabalha muito, dá tudo em todos os jogos e está cada vez melhor além da terra batida. Esta época vai ser muito gira de se ver. Temos os veteranos, os jovens e os teenagers todos a lutar e em grande nível.