A curiosa comparação de Fognini entre Alcaraz e Sinner: «O Jannik é mais certinho»

Por Rodrigo Caldeira - Setembro 16, 2025
Foto: EPA

Fabio Fognini foi, durante mais de uma década, o líder incontestável do ténis italiano. Presença habitual na elite do circuito ATP, somou picos de jogo extraordinários e vitórias frente a algumas das maiores lendas deste desporto, construindo um legado que abriu caminho à atual geração dourada italiana. Após a sua retirada no passado Wimbledon, com uma derrota num emocionante encontro frente a Carlos Alcaraz (1º), o transalpino passou para o papel de observador: poucas vozes são mais respeitadas do que a sua para analisar a rivalidade que neste momento agita o ténis masculino.

Se antes Fabio liderava, agora é Jannik Sinner (2º) o rei indiscutível não só do ténis italiano, mas, até há menos de uma semana, também do ténis mundial. Natural de San Remo, Fognini conviveu com Jannik nos últimos anos da sua carreira e foi testemunha direta de como se forjou a sua intensa rivalidade com Carlos Alcaraz: dois perfis muito distintos a lutar por um único objetivo.

Em entrevista ao podcast Supernova, Fognini traçou o perfil dos dois jogadores, dentro e fora de campo, e deixou uma comparação curiosa.

SINNER VS ALCARAZ

“Para alguém de 24 anos, o Jannik vê as coisas com muita clareza. Sabe que foi “atingido” e que agora lhe cabe sair da zona de conforto, fazer algo diferente da próxima vez para derrotar o Carlos. São dois jogadores diferentes. Nós, como italianos, conhecemos melhor o Jannik, seguimo-lo e apoiamo-lo. Em Itália, se ganhas és um fenómeno; se perdes, como aconteceu na final, começam logo a duvidar de ti. Ambos fazem-me lembrar o Federer e o Nadal, no meu tempo. O Sinner é mais “certinho”. Eu joguei com o Andreas Seppi: chamava-lhe “kraut”, porque vinha das montanhas. Era meio alemão, meio italiano. O Jannik é assim, mais metódico, mais rígido”

“O Alcaraz, pelo contrário, parece que desfruta a jogar ténis. Vi o documentário dele, diz que vai a Ibiza divertir-se depois dos encontros, e é exatamente essa a sensação que me transmite: o Alcaraz é alguém que se diverte e que precisa dessa diversão fora do court. Eu também era assim, identifico-me mais com essa personalidade”.

UMA DERROTA QUE SE TRANSFORMOU EM VITÓRIA

“Agora que tudo terminou, acho que tomei a melhor decisão. Se as coisas tivessem sido diferentes, teria tido um grande problema. Se tivesse ganho aquele encontro ao Alcaraz, teria um dia de descanso e depois enfrentaria o 700.º do mundo. Teria sido um enorme desafio mental para mim começar Wimbledon com uma vitória frente ao número 2, na Pista Central, e talvez terminá-lo na Pista 14 contra o 700.º do ranking. Fui o derrotado nesse encontro, mas saí como vencedor. Ainda nem vi esse jogo, nem sequer os resumos, mas no futuro gostaria de o fazer, porque impressionou os adeptos.”

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Apaixonado por desporto no geral, o ténis teve sempre presente no topo da hierarquia. Mas foi precisamente depois de assistir à épica meia-final de Wimbledon em 2019 entre Roger Federer e Rafael Nadal, que me apaixonei e comecei a acompanhar de perto este fabuloso desporto. Atualmente a estudar Ciências da Comunicação na Universidade Autónoma de Lisboa.