Ferrero quebra o silêncio com entrevista bombástica: «Não aceito algumas coisas que foram ditas»

Por Nuno Chaves - Dezembro 24, 2025

Juan Carlos Ferrero quebrou o silêncio após a saída da equipa técnica de Carlos Alcaraz com uma entrevista bombástica onde não deixou nada por dizer.

O espanhol falou ao jornal MARCA onde confirmou que gostava de continuar com o número um mundial e que os problemas na renovação do contrato foram o motivo para a sua saída.

SURPREENDIDO COM A SAÍDA

Tudo parecia que ia continuar bem. É verdade que, quando acaba um ano, há certas questões contratuais que têm de ser analisadas. E, como em qualquer contrato novo, a pensar no ano seguinte, havia algumas coisas em que não estávamos de acordo. Como em todos os contratos, uma parte puxa para um lado e a outra para o outro.

QUESTÕES CONTRATUAIS DECISIVAS PARA O ADEUS

Do lado do Carlos, pensam no que é melhor para ele e do meu lado penso no que é melhor para mim. Houve alguns temas em que as duas partes não estiveram de acordo. Talvez as coisas se tivessem resolvido se nos tivéssemos sentado para falar, mas no final não nos sentámos e decidimos não continuar. Foi isto, realmente, o que aconteceu.

RELAÇÃO COM ALCARAZ FOI BOA

O ano foi muito bom a nível de resultados e a relação entre os dois foi espetacular durante todo o ano. Nunca tivemos discussões em momento algum. A entrada do Samuel deu um ar fresco à equipa para que a relação pudesse durar no futuro. Foi um ano muito bom e, ao terminar em Turim, é verdade que todos tínhamos a ideia de que íamos continuar. Depois aconteceu o que aconteceu e separámos os nossos caminhos, mas, em princípio, a ideia era continuar e foi por isso que eu o disse no comunicado.

ACREDITA QUE ALCARAZ ESTARÁ EM BOM NÍVEL NA AUSTRÁLIA

Obviamente, mudanças deste tipo são sempre complicadas por serem inesperadas. A nível tenístico, acredito que o Carlos é capaz de ultrapassar isto e chegar à Austrália a um nível muito alto, tentando deixar esta situação de lado. O Samuel é uma pessoa que o conhece muitíssimo bem. Por ter estado tanto tempo comigo, por trás, quando treinávamos mais tempo aqui na academia, e por no último ano ter ganho muita experiência, está preparado para conduzir o barco sozinho ao nível de treinador.

FATOR ECONÓMICO NUNCA FOI PROBLEMA

Eu demonstrei desde muito jovem que a questão económica nunca foi o mais importante para mim. Falou-se que eu pedia mais e é verdade que eles sempre tiveram um gesto comigo ao darem-me uma percentagem muito elevada nesses primeiros anos em que estive tão próximo dele. E agradeço-lhes por isso. No final, tentei sempre deixar claro que a questão económica não fosse um dos problemas, nem era o motivo pelo qual eu estava neste projeto.

MUDANÇA PARA MURCIA NUNCA FOI PROBLEMA

Não aceito algumas das coisas que foram ditas, nomeadamente que eu impunha que ele viesse para Villena e que ele se tinha de adaptar a mim. Isso não é assim. Durante os últimos dois anos, fomos percebendo pouco a pouco que o Carlos, com a exigência do circuito, queria passar mais tempo em casa. E quem tinha de se deslocar éramos nós. Nós oferecíamos a academia para treinar sempre que fosse necessário, mas nunca foi uma obrigação. Nunca. E esse é um aspeto que quero deixar bem claro.

NÃO FECHA A PORTA A TRABALHAR NOVAMENTE COM ALCARAZ

Não fecho a porta a voltar a trabalhar com o Carlos. Com a relação que tivemos, fechar a porta definitivamente não seria lógico, nem com ele nem com a equipa. Quero terminar bem com eles. Não estar de acordo em certos pontos não significa que deixemos de ser amigos nem que não mantenhamos uma excelente relação. Desejo ao Carlos o melhor e acredito que tem possibilidades de ser o melhor tenista da história. É algo que já disse muitas vezes. E, mesmo que eu não esteja lá, ele tem pessoas à sua volta que o podem preparar muito bem.

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Jornalista na TVI; Licenciado em Ciências da Comunicação na UAL; Ténis sempre, mas sempre em primeiro lugar.