ATP insiste que não quer ‘matar’ o Golden Swing: «Queremos que coexistam duas ‘digressões’»

Por José Morgado - Outubro 30, 2025
rio open 2024
Fotojump/Rio Open

O mundo do ténis prepara-se para uma transformação profunda a partir de 2028, marcada pela criação de um novo torneio Masters 1000 na Arábia Saudita. A confirmação oficial deste evento gerou preocupação entre adeptos e organizadores quanto ao futuro da tradicional digressão sul-americana em piso de terra batida, disputada no mês de fevereiro.

Andrea Gaudenzi, presidente da ATP, explicou em declarações ao The National News que o acordo alcançado com o fundo soberano saudita PIF, através da empresa Surj Sports, representa um marco histórico. O investimento de larga escala servirá para recomprar licenças de torneios ATP 250 e 500, de forma a reduzir o número de eventos menores e dar maior protagonismo aos Masters 1000.

O novo torneio saudita terá a duração de uma semana, contará com um quadro de 56 jogadores e não será de participação obrigatória — à semelhança de Monte Carlo. Embora ainda não exista uma data oficial, a intenção da ATP é realizá-lo em fevereiro, o que entra em colisão direta com os torneios de Buenos Aires, Rio de Janeiro e Santiago. “Recebi um feedback muito positivo, tanto dos jogadores como da minha equipa. A infraestrutura aqui é impressionante. Estou muito satisfeito. Estamos a explorar várias oportunidades e, obviamente, queremos trabalhar com a Arábia Saudita. O maior desafio é o calendário — está muito apertado, muito sobrecarregado. A posição exacta do torneio no calendário ainda não está decidida. Fevereiro é uma das opções, mas nada está fechado. A nossa preferência é que se jogue em fevereiro, mas é um mês muito concorrido. Precisaremos da ajuda da Tennis Australia para o conseguir. Queremos que, em fevereiro, coexistam duas digressões: uma no Médio Oriente, com Doha, Dubai e o novo Masters 1000, e outra na América do Sul, em terra batida”, afirmou Gaudenzi.

A ATP pretende assim que coexistam duas digressões nesse período: uma no Médio Oriente, com Doha, Dubai e o novo Masters 1000, e outra na América do Sul, em terra batida. No entanto, torneios como Roterdão, Montpellier, Dallas, Delray Beach e Acapulco poderão ser afetados.

Apesar do desejo de manter viva a digressão sul-americana, muitos temem que esta perca relevância, já que os principais jogadores tenderão a privilegiar os torneios do Médio Oriente, com prémios muito superiores. Assim, o circuito sul-americano poderá ficar dependente de tenistas locais e de jogadores fora do top-50 mundial.

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Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 16 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: jose_guerra_morgado@hotmail.com