Jaime Faria: «Estive um pouco cansado, emoções à flor da pele. Foi uma semana positiva»

Por José Morgado - Fevereiro 22, 2025
Faria
FOTO: Fotojump

RIO DE JANEIRO. PORTUGAL. O ténis tem destas coisas. Há um ano, Jaime Faria estava fora do top 400. Esta sexta-feira, chegou até nós com o top 100 garantido e desapontado por perder nos quartos-de-final do ATP 500 do Rio de Janeiro, uma das melhores semanas da sua vida. O português falou do encontro, da semana e projetou o que ainda está para vir.

MÉRITO AO ADVERSÁRIO E CANSAÇO ACUMULADO

O Camilo teve muito mérito. Desde o início. Apresentou-se a um nível muito forte, sólido, tanto a servir como a responder. Obrigou-me a procurar o ponto, mas ele contra-ataca muito bem. As condições hoje estavam muito mais lentas do que o normal, especialmente no segundo set. No primeiro set não tanto, mas desperdicei uma oportunidade com break acima e não consegui lidar bem com o facto de servir com bolas novas. Algum nervosismo e apresentei-me um pouco cansado, muita emoção à flor da pele. Não tive a melhor frescura psicológica ou mental para encarar este encontro…

DIFÍCIL SERVIR COM BOLAS NOVAS

Sobretudo o segundo serviço estava difícil. O primeiro também. O ténis é um jogo de pormenores. 7-6, 6-4. Um break por pouco. Eu também tive chances que não consegui aproveitar mas ele fez um bom encontro e mereceu vencer.

BALANÇO DA SEMANA

Mais uma semana positiva. Olhar para os pontos positivos e negativos. Há que continuar a melhorar e procurar mais momentos destes. Sei que foi um momento importante. Tem de cair a ficha e pensar um pouco sobre isso.

É FÃ DO GOLDEN SWING 

É um torneio especial. Nunca tinha vindo ao Rio, mas voltei a ser feliz no Brasil. Ambiente espetacular, torcida apaixonada. É o que nós queremos no ténis. O público estar envolvido. Sei que não é o torneio ATP 500 mais forte do ano, nem pouco mais ou menos, mas são torneios que não podem deixar de existir. Esta ‘gira’ da América do Sul tem torneios especiais e o ténis é isto mesmo. Para mim são momentos muito bonitas jogar nestes grandes courts, quer em Buenos Aires, quer aqui. São momentos para recordar e um dia contar aos meus filhos.

VAI ENTRAR NO TOP 100 E QUER CONTINUAR A APRENDER

Começar a próxima semana a top 100 e entrar direto em Santiago é mais uma barreira. Há que continuar a seguir este caminho. Sinceramente não sei até onde posso ir. Há muita coisa que pode acontecer no futuro. Eu darei o meu melhor. Nos treinos e nos encontros. Há que evoluir como jogador e como pessoa. Hoje não fiquei contente com algumas das minhas atitudes. Muito irritado com o público. Coisas que me tiraram o foco e influenciam o resultado. Tenho de continuar a evoluir.

PRÓXIMO OBJETIVO? MELHORAR

Eu sempre disse que colocar um objetivo claro em termos de ranking não é certo. Olho para o ténis como uma evolução. Vou evoluir as minhas pancadas, quer em rápido quer em terra. Se melhorar estarei mais perto de ganhar e se ganhar vou continuar a subir. Isso será bom e é o meu objetivo.

Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 16 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: jose_guerra_morgado@hotmail.com