Swiatek quebra o silêncio, diz que provou a inocência e fala em ‘suspensão simbólica’

Por José Morgado - Novembro 28, 2024
swiatek

Iga Świątek, número dois do Mundo e campeã de cinco títulos de Grand Slam, incluindo as últimas três edições de Roland Garros, dirigiu-se esta quinta-feira as seus seguidores nas suas redes sociais com um vídeo totalmente em polaco — mas legendado para inglês — onde fala pela primeira vez sobre a sua suspensão por doping. A polaca de 23 anos assegura que conseguiu provar a sua inocência e diz que a sua suspensão por um mês é somente simbólica.

“Olá a todos. Hoje gostaria de partilhar convosco um tema muito difícil, sobre o qual não podia falar há dois meses e meio, mas finalmente agora posso, então espero explicar o máximo possível neste vídeo, porque gostaria de ser transparente com todos para que entendessem o que aconteceu comigo recentemente.

Basicamente, no dia 12 de setembro, tomei conhecimento do resultado positivo do teste antidoping na amostra recolhida no dia 12 de agosto, ou seja, antes do torneio de Cincinnati. [O resultado] Foi um grande golpe para mim. Fiquei em choque e essa situação deu-me muito medo e ansiedade porque no início eu simplesmente não sabia como isto poderia ter acontecido comigo ou de onde vinha. Acontece que uma concentração baixa de trimetazetina foi detectada na amostra.

Essa é uma substância da qual ouvi falar pela primeira vez na vida naquele momento e acho que nem sabia que existia, algo com o qual nunca tive contacto, nem as pessoas ao meu redor entraram em contacto com isso, por isso, houve um grande sentimento de injustiça e as primeiras semanas foram realmente muito caóticas.

Imediatamente começamos a reagir e a seguir o que a ITIA nos disse.  Essa concentração, que é muito baixa, sugeria, na verdade era óbvio, que ou a amostra estava contaminada ou a substância estava presente em contaminação nalgum suplemento ou medicamento que eu estava a tomar. Por isto, concentramos atenções em testar todos os suplementos e medicamentos que eu tomo. Os resultados desses testes mostraram que a melatonina, que uso há muito tempo, estava contaminada.

Foi um grande choque para nós, mas por outro lado também respondeu a muitas perguntas, porque encontrar a fonte em tais situações é o mais importante, então depois de encontrar o fonte tivemos que provar que de facto esse medicamento estava contaminado. A melatonina é um medicamento que me é necessário devido às viagens, ao jet lag, ao stress do meu trabalho e às vezes sem ela eu não consigo dormir ou tenho muitos problemas.

Desde 12 de setembro, estava com suspensa provisoriamente e por essa razão não pude jogar torneios na Ásia e não consegui defender adequadamente a minha classificação de número um do Mundo, embora se saiba que isso é uma consequência desta situação, mas certamente não é o mais importante questão, porque o mais importante para mim era provar a minha inocência.

Mas agora que este caso está terminando, uma suspensão simbólica foi-me imposta, que dura um mês, 22 dias já passaram, 8 dias ainda estão pela frente e é por isso que mais uma temporada poderei começar do zero e focar no que sempre fiz: que é simplesmente jogar ténis.

(…)

Houve muito choro, muitas noites sem dormir e o pior de tudo foi a incerteza geral. Eu não sabia o que ia acontecer com a minha carreira e não não sabia como essa situação terminaria e poderia jogar ténis ou não. Por isso, sou grata à minha família e à minha equipa, às pessoas que ficaram comigo, independente do que aconteceu desde o início. Todos se uniram para me ajudar, por isso sempre serei extremamente grata.

Admito que essa situação me dói muito, porque durante toda a minha vida quis ter uma carreira que, por exemplo, na próxima geração, fosse de certa forma justa,  isso mostraria que sempre fui justa e mostrarei todos os valores que uma atleta de ponta deve ter. E tenho a impressão de que essa situação pode atrapalhar a imagem que venho a construir ao longo dos anos.”

  • Categorias:
  • WTA
Apaixonei-me pelo ténis na épica final de Roland Garros 2001 entre Jennifer Capriati e a Kim Clijsters e nunca mais larguei uma modalidade que sempre me pareceu muito especial. O amor pelo jornalismo e pelo ténis foram crescendo lado a lado. Entrei para o Bola Amarela em 2008, ainda antes de ir para a faculdade, e o site nunca mais saiu da minha vida. Trabalhei no Record e desde 2018 pode também ouvir-me a comentar tudo sobre a bolinha amarela na Sport TV. Já tive a honra de fazer a cobertura 'in loco' de três dos quatro Grand Slams (só me falta a Austrália!), do ATP Masters 1000 de Madrid, das Davis Cup Finals, muitas eliminatórias portuguesas na competição e, claro, de 16 (!) edições do Estoril Open. Estou a ficar velho... Email: jose_guerra_morgado@hotmail.com